O fim de ano é propício para verificar o que fizemos com nossa liberdade. Pois a liberdade é um dom maravilhoso, mas também implica em risco. Se vivemos como se Deus não existisse, se mandamos Deus para o exílio, é tempo de voltar a Ele. Pois a vida sem Deus é triste, sem alegria, sem esperança. Não é por acaso que a causa principal do suicídio de jovens dos países mais ricos é a náusea da vida; vida sem Deus, vida sem sentido.

A vida com Deus é bonita, alegre, com horizonte de futuro, de esperança. Mesmo com sofrimentos e provações. Aliás, é o Concílio Vaticano II que o constata: “Entre tentações e tribulações do caminho, a Igreja é sustentada pela graça” (LG, 9).

É também tempo propício para a reconciliação. Às vezes o remédio é o perdão. Por quê esperar a morte chegar? É tão bom ter o coração livre, sem ódio e sem amargura. Já o sábio do Eclesiastes dizia: “Controle sempre o seu gênio: é tolice alimentar o ódio” (Ec 7, 9). Aliás, a amargura faz mal a quem a carrega!
A espiritualidade cristã vai além: imita o Cristo: doa a vida por amor. Esta é a novidade do natal! Viver o Evangelho é viver o amor. Superar a arrogância, a auto-suficiência, o egoísmo e por amor a Cristo colocar-se ao pé da cruz e abrir-se para o amor.
O novo ano convida à cooperação e ao diálogo. O Cardeal Kasper se exprimiu assim: “O Espírito não opera quando as pessoas são umas contra as outras, mas quando são umas com as outras e graças à cooperação de cada qual”. Isto vale tanto para as Igrejas e entidades civis, como para os grupos e movimentos no interior da Igreja. Exige acolhida sem preconceitos raciais e culturais e supõe capacidade de escuta.
O mundo solidário que se sonha supõe a união com Cristo. É santidade de vida. É entrar na família de Deus como irmã e irmão, não como superiores, como mestres, mas como iguais, com dons deferentes, como discípulos de Jesus Cristo, construindo a comunhão.
A Imitação de Cristo lembra que “o homem bom e pacífico tudo converte em bem”. Quem sabe, você e eu faremos nossa parte!
Seremos pacíficos e pacificadores!

Dom Sinésio Bohn

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