O Quarto Congresso Arquidiocesano de Pastoral teve como tema o “Anúncio Querigmático e Iniciação à Vida Cristã”. A reflexão a nós oferecida pelo Pe. Luiz Henrique foi de grande riqueza, tanto teológica quanto espiritual e pastoral. Das propostas dos grupos de reflexão, tabuladas pela coordenação de pastoral, destaco duas: Acolhida e Anúncio-Querigma. Vai aqui para o leitor interessado uma breve reflexão sobre a Acolhida e sobre o Anúncio-Querigmático, implícito também na proposta da missão, do “Ir ao encontro”.
Acolher é, antes de tudo, ter o coração aberto e atento ao outro que chega. Isto se faz no dia a dia, nos pequenos encontros que temos com os outros e se faz de forma organizada, sobretudo em tempos de grande mobilidade social. Lembro-me que o papa João Paulo II falava na “Novo Millennio Ineunte” duas vezes de casa: 1.“fazer da Igreja a casa da comunhão”(n. 43); 2. “por isso devemos procurar que os pobres se sintam, em cada comunidade cristã como em sua casa”(n. 50). A Igreja é comunidade. O migrante, que chega, é acolhido através da visita missionária.
Por isso a acolhida está ligada ao “ir ao encontro”. São duas dimensões de uma mesma missão. Receber bem na porta da igreja o(a) irmão(ã), ou o desconhecido que chega, é de suma importância. Mas é preciso ir mais longe: acolher aquele que chegou ao bairro, vindo de outra parte. Por isso é fundamental “ir ao encontro” Ser acolhido como membro da família, poder fazer a experiência da pertença, sentir-se à vontade na comunidade cristã “como em sua casa”, reconhecido em sua dignidade de pessoa, filho(a) de Deus, eis o segredo da autêntica evangelização. A atitude de acolhimento faz do coração do discípulo o abrigo dos amigos e dos que sofrem na procura da paz. A visita missionária deve despertar o desejo no visitado de conhecer a casa do missionário. “Mestre, onde moras?”( Jo 1,38). “Vinde e vede”(Jo 1,39). Eles foram e gostaram. Nunca mais se afastaram daquela casa. A morada de Jesus era o Pai e o clima era o Espírito Santo. Assim deve ser a Igreja: casa da comunhão, abrigo para os que sofrem. A proposta de Aparecida é clara: “A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Assim será possível que ‘o único programa do evangelho continue introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial’ com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária”(n. 370). O Papa João Paulo II insistiu muitas vezes no ardor missionário, alma da nova evangelização, concitando-nos a deixar-nos “invadir pelo ardor da pregação apostólica que se seguiu ao Pentecostes”. E continua: “Esta paixão não deixará de suscitar na Igreja nova missionariedade, que não poderá ser delegada a um grupo de ‘especialistas’, mas deverá corresponsabilizar todos os membros do Povo de Deus.
Quem verdadeiramente encontrou Cristo, não pode guardá-lo para si; tem de anunciar. É preciso um novo ímpeto apostólico, vivido como compromisso diário das comunidades e grupos cristãos”(NMI 40). Estamos apenas tateando na busca de novos caminhos. Algumas experiências estão em andamento em nossa Igreja. É importante encontrar o “COMO”. O “QUEM”, já o temos: todos os que participam da Eucaristia em nossas comunidades. O bispo, os padres e os diáconos puxam o processo. O “COM QUE” se refere aos meios. Muitas foram as indicações de meios para despertar para a missão: retiros querigmáticos, formação para as lideranças, etc… O “QUANDO” é agora, já. Uma coisa, porém, é absolutamente indispensável. Recordava-nos Joào Paulo II: “É muito importante que tudo o que com a ajuda de Deus nos propusermos, esteja profundamente radicado na contemplação e na oração. O nosso tempo é vivido em contínuo movimento que muitas vezes chega à agitação, caindo-se facilmente no risco de fazer por fazer.
Há que resistir a esta tentação, procurando o SER acima do FAZER”(NMI 15). “Mas, nosso testemunho seria excessivamente pobre, se não fôssemos primeiro contemplativos de seu rosto”( NMI 16). Ainda: “No âmbito da programação pastoral que nos espera, apostar com a maior confiança numa pastoral que contemple o devido espaço para a oração pessoal e comunitária significa respeitar um princípio essencial da visão cristã da vida: o primado da graça. Quando não se respeita este primado, não há que se maravilhar se os projetos pastorais se destinam ao fracasso e deixam na alma um deprimente sentido de frustração”( NMI 38).
Peçamos ao Senhor, com Maria, a Senhora da Ponte, um novo Pentecostes para nossa Igreja de Sorocaba.
