Em 21 de maio deste ano, no São Bento, foi apresentado o Meeting de Rimini, na Itália, que de 23 a 29 agosto realizou sua trigésima edição, alcançando quase 800 mil presenças, 15% a mais que na edição anterior. Participaram deste evento social e cultural, promovido pelo movimento eclesial Comunhão e Libertação, líderes mundiais da política e da ciência, grandes protagonistas da literatura e do jornalismo, da economia e das finanças. Sobretudo grandes testemunhas da caridade que se torna obra diante das novas e velhas formas de pobreza.
Trata-se de um encontro internacional promovido por católicos que conseguem envolver as mais diferentes personalidades e dialogar com todos.
Protestantes, ortodoxos, hebreus, muçulmanos e muitas pessoas oriundas de histórias culturais e políticas distantes ou contrárias ao catolicismo. Todas presenças vivas, positivamente comprometidas com a realidade; capazes de atrair os jovens, que foram muito numerosos, sendo os verdadeiros protagonistas do evento, com uma proposta de levar a sério a vida com juízo e com paixão.
Nestes 30 anos o Meeting deu prova de saber captar com atenção e consciência os principais desafios do presente como as emergências econômicas, os conflitos sociais e os debates culturais e políticos. Não existe tema de relevo que não seja abordado com competência e com originalidade de juízo. As novas fronteiras da ciência, as crises da política, os desafios da sociedade são colocados diante de quem vem ao Meeting com um estilo de abertura e livre confrontação.
O tema deste ano foi O conhecimento é sempre um acontecimento, o verdadeiro conhecimento é sempre um encontro. A minha exposição foi o contexto da situação latino-americana, em que se juntou a análise teológica e cultural sobre a situação do continente com testemunhos vibrantes de uma nova socialidade como a atuação da Associação dos Trabalhadores sem Terra de São Paulo, conduzida por Marcos e Cleusa Zerbini.
O que emerge é um empenho cultural, social e caritativo muito rico e capaz de envolver as mais diversas proveniências culturais.
E, junto com os debates, se destacavam momentos esportivos, representações teatrais e 15 exposições de grande qualidade e beleza artística.
Só para citar uma delas: foi reconstruída uma redução do território dos índios guarani em tamanho natural como se encontram em Trinidad, no Paraguai, ou em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul.
Entre os que participavam, de 57 países, estavam dois Nobel da Física, Charles Townes e John Mather, o paleontólogo Yves Coppens, o filósofo da Sorbonne de Paris, Rémi Brague, e Tony Blair, que contou da sua experiência política e de sua conversão ao catolicismo.
Mas o coração do Meeting é constituído pelos 4 mil voluntários que pagam sua permanência e se dedicam de graça aos mais diversos serviços desde a arquitetura até a cozinha, limpeza, recepção. E são pessoas de todas as idades e de todas as categorias sócias. Por exemplo, o meu motorista era um cirurgião dentista que tira férias neste período e se coloca à disposição do evento. Ou um conceituado empresário que se encarregou do estacionamento, com turnos das 8h30 às 13h30, no calor do verão europeu.
Para todos, o que move é o reconhecimento do ideal, de uma razão grande e positiva para a vida nos seus sofrimentos e nas suas alegrias. O serviço ao ideal é feito, ora participando de uma mesa-redonda para 10 mil pessoas, como foi no meu caso, ora respondendo pelo fatigante trabalho da cozinha ou pela limpeza ou ainda pela venda da loteria para o autofinanciamento. O diretor, meio agnóstico, de um grande jornal de Roma Il Tempo, depois de visitar exposições e estandes, conta que ficou maravilhado pela originalidade da proposta e particularmente pela cordial saudação da moça do estacionamento que, sem o conhecer, o cumprimentou depois de um turno particularmente cansativo. É o segredo do Meeting: tudo é tocado pela sede da verdade, nas pequenas como nas grandes coisas.
Havia testemunhas da caridade que se torna obra diante das novas e velhas formas de pobreza.
