“Ele ressuscitou! Não está aqui!” (Mc 16,6) O Domingo de Páscoa celebra o dia da glorificação maior da vida de Jesus Cristo, após a dolorosa paixão e morte. Cumpriu-se a palavra que dissera aos apóstolos: “Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão zombar dele, cuspir nele, acoitá-lo e matá-lo, mas três dias depois, ele ressuscitará. (Mc 10,33-34) A ressurreição, portanto, é a plenitude da vida de Jesus.
Vida, paixão e morte são elementos constitutivos da condição humana que, no entanto, podem ter níveis de menor ou maior qualidade, segundo a atenção que a família e a sociedade dispensam às pessoas, de acordo com o contexto histórico e a realidade local. Nesse sentido, o passado e o presente do ser humano têm muito a ver com o seu futuro. Hoje, a pesquisa na área das ciências da saúde alcança resultados extremamente promissores, na perspectiva de uma melhor qualidade de vida das pessoas. A medicina moderna realiza intervenções com alto nível de êxito, em casos muito complexos. A cura de doenças graves é um verdadeiro prodígio da ciência humana. Tudo isso faz parte das conquistas do conhecimento humano, acumulado ao longo da história da ciência médica, e do avanço das políticas públicas no campo da saúde coletiva. A eliminação das causas de doenças corriqueiras e graves, muito comuns no passado, tem como efeito uma maior longevidade da população. Todavia, as conquistas da ciência e tecnologia médicas e o poder do dinheiro esbarram ante a inevitabilidade da morte. Por melhor que a qualidade de vida e por mais que seja prolongada sobre a terra, dá-se a morte da pessoa humana, num determinado momento. Alguns americanos endinheirados providenciaram o congelamento de seus cadáveres, na esperança de que um dia possam voltar a viver, através do processo de “Crioconservação (conservação em ambiente gélido)”. “A sociedade Alcor, nos Estados Unidos, conserva a temperatura de – 196~C em azoto líquido treze cadáveres e vinte e duas cabeças de seres humanos, na expectativa de fazê-los voltar a vida mediante o progresso da ciência. Os `neuropacientes` são preparados para permanecerem ilesos, tanto quanto possível sob tão baixa temperatura. Ninguém sabe o que resultará de tais experiências.” Trata-se de mais uma excentricidade, muito ao sabor de muitas personalidades americanas, que, obviamente, não logrará êxito, por essa razão: “É de notar, porém, que a vida humana tem um princípio vital (alma) espiritual que só Deus pode produzir ou criar ou só Deus pode fazer voltar ao corpo depois da separação ocorrente pela morte do indivíduo.”
A ressurreição não é fruto da façanha humana. Ela está assegurada a todas as criaturas humanas pela palavra e pelo poder de Jesus Cristo: “Esta é a vontade de meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”. (Jo 6,40) Todos ressuscitarão para a vida eterna. Todavia, de conformidade com a conduta de cada um no mundo, em sua relação com Deus e com seus semelhantes, dar-se-á a ressurreição para a felicidade ou para a condenação eterna, como ensina Jesus: “Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos que estão nos túmulos ouvirão sua voz, e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. (Jo 5,28-29) Porque ressuscitou e subiu ao céu, Jesus precede o ser humano, em sua vocação de imortalidade e eternidade. Mais ainda, com a ressurreição da carne, homens e mulheres alcançam o nível mais perfeito de sua configuração com Cristo.
