Tendo ressuscitado na madrugada do terceiro dia da semana, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos discípulos. … Eles, ouvindo que ele estava vivo e que fora visto por ela, não creram. Jesus se manifestou a dois discípulos a caminho do campo que foram dizer aos outros. Mas esses ainda não creram. Finalmente, ele se manifestou aos Onze, e censurou-lhes a incredulidade, porque não haviam dado crédito aos que o tinham visto ressuscitado.
Não foi apenas Tomé que queria ver para crer. Mesmo assim, Jesus lhes deu a missão de proclamar o Evangelho ao mundo inteiro. Quem crer e for batizado, será salvo. (Mc 16,15). Ora, como podiam falar aos judeus de um Messias condenado à morte pelas autoridades civis e religiosas deles? Como apresentar a sua mensagem aos pagãos que nem conheciam as profecias? Quem podia acreditar que o tinham visto ressuscitado?
O evangelista João explica: O Senhor agia com eles, confirmando a Palavra por meio dos sinais que a acompanhavam. O próprio Jesus tinha prometido esse apoio. Sem isso, como podiam os outros acreditar neles quando afirmavam que Jesus estava com eles no terceiro dia depois da sua morte na cruz e diante deles sumiu nas nuvens quarenta dias depois?
Sem os sinais das curas milagrosas não dá para entender o sucesso da pregação dos apóstolos. Na vida do próprio Jesus, os milagres falavam a todos do poder de Deus em Jesus. Tais sinais eram importantes para dar apoio à fé provisória dos ouvintes. Essa fé não resistiu à provação da cruz. Desça agora da cruz, para que possamos ver e crer, disseram alguns que viram Jesus pendurado na cruz. Também a recuperação da fé dos discípulos e sua firmeza na pregação até o martírio não tem explicação sem a sua experiência da nova presença de Jesus.
No mundo de hoje, os milagres andam desacreditados por falsos milagreiros. A televisão está cheia de propaganda sobre grandes concentrações, com promessas de muitos milagres de pregadores de sucesso. Milagres verdadeiros não se anunciam com propaganda. Na confusão atual, até milagres verdadeiros perdem credibilidade.
Por outro lado, quando acontecem curas reais e aparições de Maria, logo se instala um comércio. Muitos procuram milagres para resolver seus problemas, em vez de aproveitar as mensagens para fazer a vontade de Deus, melhorando sua vida com seu próprio esforço, e trabalhando na construção de um mundo mais justo e fraterno.
Na confusão religiosa dos nossos tempos é mais importante outro critério que Jesus indicou: Nisto saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
A credibilidade da Igreja depende do testemunho da unidade entre os cristãos, da unidade na Igreja, na diocese, na paróquia, nas famílias. No maior país católico do mundo, a credibilidade da Igreja depende também da unidade entre seus políticos para construir um país melhor para todos, um estado melhor, um município melhor.
A credibilidade do padre depende do testemunho da sua vida. Na situação atual de escândalos explorados pelo inimigo, precisa ter uma boa dose de coragem para aceitar a vocação para padre. Tal coragem não se baseia na própria força de vontade, mas na confiança na graça de Deus. O problema maior é que um só padre que causa escândalos propagados pelo mundo afora enfraquece a credibilidade da Igreja toda.
Numa entrevista de televisão vi um pastor a dizer que a crise atual na Igreja católica teria sua causa na falta de adaptação aos tempos atuais. Só faltava isso, a Igreja também ceder à mentalidade materialista deste século.
Muitos dizem que os jovens de hoje não aceitam as orientações da Igreja. Acham que a Igreja não pode nem querer que o homem se contente com uma só mulher, muito menos que os padres assumam o compromisso de ficar sem mulher nenhuma, e que os cristãos procurem obedecer a todos os mandamentos de Deus.
Num mundo que procura sua felicidade no dinheiro, a Igreja não pode deixar de dizer que felizes são os que não se apegam ao dinheiro e colocam as necessidades dos outros acima das próprias comodidades. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Num tempo que procura sua felicidade nos prazeres do sexo e não dá valor ao casamento e à família, a Igreja continua dizendo que felizes são os jovens de coração puro. Não pecar contra a castidade. Não cometer adultério. O homem não separe o que Deus uniu. Muitos ficam incomodados com a firmeza do Papa no cumprimento de sua missão de confirmar os irmãos na fé.
Denunciando pecados de padres, o mundo tenta desvalorizar a mensagem da Igreja. Grandes são os estragos causados por padres que causam escândalos.
Na balança do mundo, um só padre pecador pesa mais que noventa e nove dedicados à sua missão de pregar o Evangelho com a palavra e com o exemplo.
A nós foi dado viver num tempo interessante, no momento histórico de uma encruzilhada decisiva na história da humanidade. A crise na Igreja e no mundo não é para nos deixar parados na resignação, nem para perder tempo criticando os erros dos outros, mas para entrar com coragem na luta para construir uma Igreja melhor para um mundo melhor.
