No próximo dia 15 de setembro, dia de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais, estarei completando trinta anos de minha vinda para Uberaba e de minha tomada de posse como arcebispo metropolitano, cargo que ocupei por dezoito anos.
Vim esperançoso para cá e feliz por obedecer à designação do Santo Padre Paulo VI. Só me assustei, quando fiquei sabendo que desde janeiro de 1967 – portanto havia quase onze anos – não se ordenava um padre. Os dois, que Dom José Pedro ordenara, não permaneceram aqui: um voltou para sua pátria e o outro para a Bahia, sua terra.
A primeira preocupação era pois o Seminário. Construí então o prédio novo, ao lado da Igreja Santa Luzia, e Monsenhor Jorge Fialho, a chamado meu, voltou de Aparecida para organizar e dirigir o Seminário. Neste meio tempo, enviei os primeiros candidatos para São Paulo, onde se formaram e a segunda leva para Campinas, que constituem os primeiros membros do clero que ordenei e estão servindo a Igreja de Deus ainda hoje. Dos cinqüenta e nove padres por mim ordenados, trinta o foram para nossa Igreja de Uberaba.
A Cúria, que funcionava na residência do Arcebispo, foi transferida para o belo e grande prédio do Seminário Menor, nas Mercês, e aí se estabeleceu também o Centro Pastoral, onde já funcionava com muita eficiência o Cursilho de Cristandade.
Sentiu-se naquele início de governo, a necessidade de um plano de pastoral, que unificasse a ação evangelizadora em todos os recantos da Arquidiocese. Fez-se então o primeiro Plano de Pastoral da Arquidiocese, que recebeu a sigla P.A.P.I.U., conservada até hoje, plano que teve, na sua escolha e confecção, viva e entusiasta participação de nossos padres e dos movimentos leigos.
Por ser muito extenso o território da Arquidiocese, cujos limites iam até o Mato Grosso, de comum acordo com a Diocese de Uberlândia, pensamos – nós os bispos – em pedir à Santa Sé a criação da Diocese de Ituiutaba, com parte de nosso território e parte do de Uberlândia. Houve dificuldades por parte de Roma, com a desculpa de não haver clero diocesano, mas só clero religioso na futura diocese. Fui então a Roma para discutir o problema na Congregação dos Bispos e felizmente fui atendido e assim se criou a nova diocese.
Agora, para comemorar estes meus felizes anos em Uberaba, estou lançando pequeno livro com o sugestivo título “Entardecendo”. A longevidade, com que a Providência divina me presenteou, dá-me a consciência clara de que a noite pode chegar a qualquer momento. Minha esperança é que neste entardecer, fique ao menos uma tênue fimbria de luz na linha do horizonte…
