Novos tempos, novos valores?

Para a multidão reunida na praça na festa de Santo Antônio fiz uma reflexão sobre o futuro do mundo que depende do nosso presente. Depois vi mais um texto a dizer que não adianta querer ensinar os valores da cultura de ontem aos jovens de hoje que estão em outra.

No dizer daquele texto, a Igreja só teria futuro se soubesse acompanhar os tempos e adaptar a sua mensagem à mentalidade de um mundo em mudança, de um tempo que segue outros valores. Que valores?

O egoísmo que procura vantagem em tudo? Tratar a namorada apenas como coadjuvante na procura de prazer? Viver para comer e beber e transar?  Estragar com drogas a sua vida, o convívio na família e na comunidade?

Certas manifestações de hoje fazem lembrar as críticas de São Paulo: “Seu Deus é a barriga. Gloriam-se de coisas das quais deveriam envergonhar-se.” (Fl 3,19)

Não há dúvida que muitos jovens, e velhos também, não conhecem ou não levam a sério os ensinamentos da Bíblia. Mesmo assim, quais seriam os valores que perderam seu valor, os ideais ultrapassados? A fidelidade do marido e da mulher no casamento, e a virgindade antes?

O adultério deixou de ser pecado? O sexto mandamento virou exigência de um capricho arbitrário de Deus, imposição inventada para testar a obediência, para dar um freio na liberdade e diminuir a alegria de viver? Para ganhar a alegria no céu com a tristeza na terra?

Certos fazedores de opinião alegam que a virgindade não vale mais nada no mundo de hoje. Tal opinião me parece de alguém que já perdeu e não pode mais recuperar. De macaco velho que não consegue mais alcançar uma fruta nas alturas e diz que não presta.  Ou do homem que procura vencer a resistência da moça. Ou de fabricantes e vendedores de camisinhas.

Ainda bem que a vida da nossa juventude não é tão ruim como dizem na imprensa. Muitos teem valores melhores. Dão valor ao sentimento e ao namoro romântico. Não procuram apenas prazer e paixão passageira.

Os jovens de hoje querem um mundo diferente, sim, mas não um mundo pior. Se aparecem menos em protestos contra a situação, é por perceber que mais vale um trabalho pessoal para transformar a sociedade por seu próprio ser e fazer, em vez de perder tempo jogando pedras nos outros. Gostam de festas, mas se preparam nos estudos para fazer a sua parte na construção de um mundo melhor. Quanto a você, jovem de boa vontade, não deixe para fazer amanhã o que pode fazer hoje.

Mais vale acender uma vela que ficar a queixar-se das trevas.

Dom Cristiano Jakob Krapf

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