A Igreja reconhece o lugar teológico de Maria na “economia da salvação”; com efeito, ela tem “um relevo especial, enquanto é ‘Mãe de Cristo e Mãe da Igreja’ (Paulo VI). Como Mãe de Cristo, Maria foi preparada pelo Espírito Santo; de fato era conveniente que estivesse ‘cheia de graça’ a Mãe d’Aquele em quem ‘habita corporalmente toda a plenitude da divindade’ (Cl 2,9). Por isso, por pura graça, foi concebida sem pecado como a criatura mais humilde e mais capaz de acolher o dom inefável do Todo-Poderoso”. Maria não apresentara méritos próprios para ser agraciada com a excepcional escolha para ser a mãe do Messias. O Papa Pio IX, em sintonia com o pensamento da Igreja, “desde os primeiros séculos”, definiu, como verdade dogmática, que “a bem-aventurada Virgem, no primeiro instante da sua concepção, por graça singular e privilégio concedido por Deus onipotente, na previsão dos méritos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda a mancha de pecado original”. Nisso consiste o dogma da Imaculada Conceição, proclamado no dia 8 de dezembro de 1854. Ser “cheia de graça”, como disse o anjo Gabriel, ao saudá-la, significa dizer que, como afirmou um santo no século VII, “Ninguém foi purificado, exceto tu”.
Os mistérios da Concepção Imaculada de Maria e da Anunciação do Verbo estão muito próximos no seu significado porque neles se revela a ação de Deus e porque Maria está presente como objeto da escolha divina e como participante da obra salvífica. A Imaculada Conceição de Maria e a Incarnação do Verbo, sempre presentes no plano de Deus, tornaram-se acontecimentos registrados no tempo; sob esse plano, a Concepção Imaculada de Maria precede a Incarnação de Jesus Cristo que “assumiu a humanidade, tomando uma alma e um corpo de homem”. A Concepção, Natividade e Assunção de Maria não a distanciam da humanidade; representam, antes, uma dignidade para a natureza humana. Por isso, é fácil perceber sua proximidade e sua solidariedade: nas bodas de Cana, ao pé da Cruz, no Pentecostes e na história da Igreja. A celebração da Imaculada Conceição, em inúmeras dioceses, paróquias e comunidades, contribui para afervorar a espiritualidade mariana dos fiéis que vivem sob a terna proteção da Mãe de Cristo.
