Em Busca a Unidade Perdida

Na semana precedente a Pentecostes, católicos e evangélicos de várias Igrejas se reúnem para  suplicar ao Espírito Santo o dom da unidade, buscando a reconstrução da comum-união perdida nos caminhos da história. O principal elemento que os impulsiona é a missão. O Senhor chamou discípulos e os enviou a evangelizar. Este é um compromisso do qual todas as Igrejas cristãs têm consciência e por ele se empenham.

Evangelizar é anunciar Jesus Cristo, Palavra Viva do Pai, Verbo encarnado para a salvação do mundo. Neste propósito, todos se lançam, certamente com métodos diferentes, mas com convicção da autenticidade de sua própria fé.

Uma das parábolas mais singelas e mais claras de Cristo é a da semente da mostarda, a menor de todas a sementes, mas que gera árvores de significativo porte e produz muito fruto.

Quando os cristãos se reúnem na semana de oração para a unidade dos cristãos, uma pergunta é inevitável: como os pregadores, das diversas confissões têm pregado a Palavra? Suas falas colaboram para a união, ou geram divisões? A semente semeada produz frutos bons ou resultam em brotos selvagens e venenosos? A pregação deve ser uma resposta fiel à oração de Jesus: “Pai que todos sejam um como eu tu somos um” (Jo.17,20).

Paulo ordena: “Prega a palavra, insista a tempo e fora do tempo, repreende, suplica, admoesta, com toda paciência e doutrina.” (II Tim.4,2). Tais palavras, certamente não sugerem semeadura de desavenças religiosas, mas devem ser alicerçadas na virtude da paciência que não ofende e nem causa animosidade.

“Ai de mim se eu não evangelizar” (I Cor.4,16), afirmava o Apóstolo das Gentes, certo de que evangelizar não é um ato da voz somente, mas da vida. São Gregório Magno diz: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Santo Agostinho ensinava: “Ama o que crês e prega o que amas” (Sermão 194,1)

A Semana de Oração pela unidade, pode também ser comparada à mínima semente de mostarda, pois nasceu de uma pequenina experiência de  Paul James Wattson, em 1908, em Nova York, e vem crescendo por todo o mundo.

A iniciativa não nasceu nos meios católicos, pois Paul era membro fiel da Igreja Anglicana, mas foi acolhida por muitas outras confissões cristãs. Entre os católicos o movimento ecumênico foi recebido com apresso e vem crescendo, sobretudo após o Concilio Vaticano II (1962-1965), procurando um diálogo bom, amigo, fraterno com os irmãos de outras igrejas, em vista de mantê-los unidos ao menos nos pontos que lhes são comuns, que são muito mais fortes do que aqueles que os dividem.

Numa semana de Oração pela Unidade, a preocupação não é discutir, apelar, recordar erros, nem criticar. O objetivo proposto por Paul James é  orar como irmãos autênticos.

Ganha sentido eloqüente o tema da Semana de 2009: “Unidos na tua Mão” (Cf. Ez. 37,17), presentes os sentimentos de fé profunda na proteção divina, na obra do Pai que deseja ver unidos seus filhos. A imagem dos dois pedaços de madeira da parábola de Ezequiel fortalece o movimento ecumênico e apresenta, numa leitura cristã do texto, a cruz composta pelas duas hastes de madeira, como sinal do amor, do amor supremo que só pode gerar união, nunca divisão.

Dom Gil Antônio Moreira

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