Num espaço tão limitado como este é impossível descrever e ponderar até aonde chega a atualidade de Paulo no mundo de hoje. As Cartas de Paulo fazem parte da literatura universal e estão entre os escritos mais lidos do mundo. A meu ver, suas Cartas são sempre atuais.
Ao encerrarmos o Ano Paulino, portador de frutos inegáveis, fica a sensação incontestável de que valeu a pena a sua proclamação por Bento XVI. A celebração do bimilenar aniversário de nascimento do Apóstolo das Gentes suscitou uma avalancha de cursos, seminários, artigos, livros, retiros; enfim, foi ocasião favorável para um conhecimento mais aprofundado da figura, da obra, do estilo de vida, da personalidade marcante, do ardor missionário de Paulo e da sua grande paixão por Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado.
Em sã consciência, não se pode negar a atualidade e a necessidade de conhecer Paulo hoje, “chamado a ser apóstolo do Cristo Jesus, por vontade de Deus” (1 Cor 1, 1). Portanto, Paulo continua a ocupar um lugar de destaque na galeria do mundo contemporâneo e no coração da Igreja. Apesar de ter escrito suas Cartas numa época completamente diferente da nossa, a Obra de Paulo continua fascinando pessoas e comunidades. Causa especial sabor ler e meditar o que Paulo escreveu e pregou, deixando marcas profundas nos corações dos que quiseram e dos que procuram imitá-lo no seguimento e amor a Cristo. Tenho certeza de que Paulo seria bem-vindo aos areópagos de hoje. Sua voz ressoaria mais forte no coração dos ouvintes de nosso tempo do que nos ouvidos dos atenienses idólatras (cf. At 17, 22ss).
Confesso que não me canso de admirar a fidelidade e a autenticidade de Paulo, bem como sua coragem, destemor e ousadia na vivência de sua vocação, no ardor de sua pregação, na intensidade de sua paixão e no seu amor incondicional a Cristo. Creio que conseguiu passar para muitas pessoas de ontem e de hoje seu amor apaixonado por Cristo e pelo Evangelho, fazendo-se tudo para com todos (cf. 1 Cor 9, 22). O que sentia e fazia, não guardava para si. Antes, insistia em que o imitássemos no seu jeito de imitar e seguir Jesus Cristo. Confesso igualmente que a espiritualidade paulina alimentou fortemente minha caminhada vocacional. Sempre busquei em Paulo inspiração e motivação, sobretudo em tempos fortes, para bem exercer minha missão. Suas palavras e mensagens sempre tocaram e calaram fundo em minha vida, como por exemplo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Ou então: “É pela graça de Deus que sou o que sou” (1 Cor 15, 10). Ou ainda: “Tudo posso naquele que me dá força” (Fl 4, 13). Paulo deixou-se agarrar de tal modo por Cristo que nem a morte nem a vida, nada foi capaz de o separar de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor (cf. Rm 8, 35-39).
Há muito ainda que buscar e descobrir na fonte quase inesgotável dos escritos paulinos. Para chegarmos à intensidade de fé e de amor alcançada por Paulo, um longo caminho será necessário percorrer…
Talvez o fruto mais saboroso do Ano Paulino comece a ser colhido e degustado após o seu encerramento. Aliás, Paulo é muito mais do que dele já foi escrito e do que dele ainda se escreverá.
A cada um de nós fica o desafio de vir a ser como Paulo foi, de imitarmos Paulo como ele imitou Cristo em sua experiência de transformação existencial, isto é, assemelhar-se sempre mais ao Coração de Cristo. Para sermos discípulos missionários não é suficiente gostar das “coisas” de Deus. É necessário seguir a Cristo, estar apaixonado por Ele, viver como Ele viveu, amar como Ele amou… Vale a pena perder tudo e considerar tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a Ele (cf. Fl 3, 8-9). Experimente!
