Paulo sofreu na pele as angústias e contrariedades na execução de sua missão. Encontrou oposições e percebeu seus limites de pessoa humana. Porém, não desanimou. Tudo enfrentou por causa de Cristo, confiando nele. Sublimou seus impulsos com a fé na certeza dada pelo Mestre: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2 Cor 12, 9).
A tentação do desânimo surge na vida de quem se esforça para realizar tudo dentro dos parâmetros da ética, do serviço ao semelhante e da responsabilidade na prática do dever e da missão. As oposições e as críticas negativas são instrumentos de estorvo para quem quer ser justo, veraz, honesto, casto e de retidão moral. O jeitinho para não se adequar aos ditames da grandeza de caráter é buscado como uma verdadeira tentação de se aparentar pessoa de bem, mas sem o compromisso com a ética. Se não buscarmos a coerência com a altivez de conduta, formada e orientada com a consciência bem formada, somos engolidos pelo pragmatismo buscado pelo egoísmo.
Nessa perspectiva, há o perigo de formarmos um tecido social pouco interessado na realização do bem comum e na tranquilidade de quem coloca o valor maior na altitude da dignidade humana. Pessoa de bem não é quem não sofre por causa dos próprios limites e falhas, e sim quem luta para tentar superar as próprias fragilidades com a sinceridade do esforço por ter princípios elevados e afinados com o ideal apresentado pelo Filho de Deus. Na sua trilha têm passado pessoas que têm sabido lutar por uma convivência realmente humanizadora para todos.
Mesmo nos impasses e transtornos da busca e tentativa de promoção da vida de sentido na interrelação humana, não se entregam ao desânimo. Trabalhar pela boa política, no exercício das profissões com ideal de servir, unir-se à causa da inclusão social e superação da miséria, promover a saúde moral e ética, denunciar desonestidades e propor valores da dignidade humana, são atos contínuos realizados por quem tem fé e a alicerça no compromisso e na obediência ao projeto do Criador.
A figura de Paulo nos enche de entusiasmo por seu estímulo na missão humana e cristã recebida em nosso batismo. Está na moda o paganismo por parte de alguns, que exercem influência política, econômica e intelectual para não se aceitarem propostas de altivez moral. Mas a força dos batalhadores por causa dos maiores valores éticos constitui-se no grande baluarte da promoção da vida de sentido para toda a sociedade. É muito defendida a ideia de que a religião propõe a todos o que é estritamente religioso. Mas muitas vezes se quer restringir o eminentemente humano e ético como fosse estritamente religioso.
A vida humana, por exemplo, deve ser um valor por todos defendida. Não é a religião fechada dentro dela mesma que diz isso. Quem é autenticamente humano não mata ninguém, especialmente o mais indefeso. A religião vem sublinhar mais fortemente muitos valores eminentemente humanos. Na vida, o aparentemente fraco, revestido do amor de Deus, torna-se a grande força de transformação da sociedade.
