No próximo domingo estaremos iniciando a Semana Santa, com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Estamos nos aproximando da maior festa cristã do ano: a Páscoa do Senhor!

Todas as atividades e gestos que durante esses 40 dias penitenciais da Quaresma vivemos ou nos propusemos quer nos encaminhar para essa festa, ou, mais ainda, para a experiência pascal deste ano – renovar a vida cristã para testemunhar com alegria e renovado ânimo que Cristo está vivo e ressuscitado entre nós, e disso nós somos testemunhas!

Essa experiência de fé é que faz a diferença na vida da pessoa humana, pois dá um sentido novo à própria vida e renova as esperanças na luta diária por um mundo novo e fraterno. Sim, acreditamos que os verdadeiros adoradores do Senhor, que acolheram e se encontraram com Jesus Cristo, podem fazer deste mundo um lugar onde reinem os valores do Reino de Deus! Daí vem também a confiança de que o tema da Campanha da Fraternidade deve encontrar guarida em nossa vida para que, convictos da necessidade de mudanças, possamos dar passos concretos na construção de um mundo seguro, fraterno, de paz e justiça.

Ao nos preparar para esse grande mistério da Páscoa, a Igreja do Brasil nos recomenda que façamos a doação do fruto de nossa penitência quaresmal na coleta da missa do próximo final de semana – Domingo de Ramos – chamada de Coleta da Solidariedade.

Além dos gestos existenciais e vitais que nós assumimos como necessários, como consequência de nossa vivência quaresmal e esclarecimentos sobre o tema da Campanha da Fraternidade, temos o assim chamado gesto concreto.

A coleta da solidariedade é distribuída assim: 40% da arrecadação feita em todas as paróquias e encaminhada à arquidiocese é enviada para o Fundo Nacional de Solidariedade, administrado pela Cáritas e CNBB, em Brasília. Desse fundo saem os diversos auxílios para projetos que para lá são enviados por todas as entidades e paróquias do Brasil. Os projetos devem estar direcionados com o tema da Campanha da Fraternidade do ano. O restante 60% da arrecadação do Domingo de Ramos permanece na Arquidiocese e é empregado em um gesto concreto local.

Em nossa arquidiocese os gestos concretos anuais têm sido significativos e importantes: em 2006 as paróquias tiveram a oportunidade de utilizar a coleta para a construção de facilidades para as pessoas com deficiência ou atitudes ligadas a esse tema. No ano de 2007 tivemos a Campanha sobre a Amazônia, cuja abertura foi em nossa Região, e a arrecadação foi para o projeto “Água potável nas ilhas”. Esse projeto era a tentativa de providenciar isso para três ilhas – o que realmente ocorreu, sendo que necessitamos fazer outras atividades e parcerias para concluir. No dia 3 de abril iremos inaugurar a terceira ilha com água potável para todos os seus habitantes.

A beleza do gesto concreto é que ele desperta um interesse pelo assunto que deve continuar fazendo com que outros também sejam beneficiados. É o que está ocorrendo com esse gesto concreto da CF 2007.  No ano passado a porcentagem arrecadada foi entregue à recém criada Comissão Arquidiocesana em Defesa da Vida, que deveria providenciar um lugar para acolhimento de mulheres grávidas em situação de risco. Apesar de não estar ainda concluída essa casa, a Comissão hoje já está acolhendo três famílias necessitadas de apoio e acolhimento devido à questão de gravidez.

Neste ano essa porcentagem da arrecadação irá para a Casa de Recuperação de Dependentes Químicos, coordenada pela Fraternidade “O Caminho”, que fica em Benevides. É um gesto profético de Davi contra Golias, sabendo do pouco que se arrecada diante do volume de dinheiro que o tráfico movimenta e com o qual cada dia domina mais jovens que se tornam dependentes da droga.

Dessa forma a penitência quaresmal dos católicos, além da vida que é chamada a mudar e a reviver a sua caminhada cristã, também leva adiante gestos sociais concretos que permanecem como testemunho de transformações e de mudanças. Pensemos nisso multiplicado pelo número de Dioceses do Brasil e calculemos quantos gestos ocorrem. Cada Diocese, Prelazia ou Arquidiocese tem a liberdade de escolher o gesto mais apropriado para a sua região.

Mas em nossa Arquidiocese de Belém, neste ano, além da destinação do gesto concreto anual quisemos trabalhar também em outro gesto, este um pouco mais teórico, mas também muito importante: a elaboração de um projeto de nação ou sociedade que pudesse dar como sugestão para todo o nosso povo e também para as diversas autoridades governamentais e para as entidades e associações. Uma equipe de membros da Igreja, da Universidade, das comunidades, das associações e dos conselhos está elaborando esse texto, que espero que entreguemos à sociedade paraense ainda neste final da Quaresma ou início da Páscoa. Este “projeto” necessita que todos nós o assumamos e que, a curto, médio e longo prazo, vejamos os passos que como sociedade deveremos dar para construir a paz dentro de nossas fronteiras. Sobre esse gesto voltaremos a conversar com vocês.

Que todos que trilham os caminhos da Quaresma cheguem à Páscoa do Senhor com os corações renovados! Que a nossa participação na Semana Santa nos leve ao cume de nossa caminhada de conversão e vivência batismal.

Dom Orani João Tempesta

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