Estamos em plenas comemorações juninas! Mesmo chegando ao final do mês, sabemos que elas se estendem também durante o mês de julho. As maneiras de fazê-las variam de região para região e sabemos que, junto com essas tradições, está presente o próprio ser do nosso povo.
Em geral, esses festejos reúnem as pessoas para um tempo de folguedo, quando estão presentes a dança, o canto, a comida, a religiosidade – tudo dentro de uma tradição oral, algumas vezes estudada para discernir as raízes do evento e trazer conhecimentos científicos sobre um fato popular.
Aprendemos muitas coisas com essas tradições, das quais o mês de junho, de uma maneira especial, traz à tona, entre as quais sobre um tempo em que as pessoas podiam livremente circular por todas as ruas sem medo da violência, e os vizinhos se reuniam para festejar.
É pensando nessas tradições juninas, que olho também os fatos que nos preocupam em nossa cidade. Fatos esses que são retratados diariamente pelos jornais, e que, com preocupação de quem deseja o bem para todos, necessitamos trabalhar para encontrar caminhos de solução.
Eu acredito que o ser humano pode resolver as tensões e pendências de uma maneira civilizada, excluindo a utilização da violência. Essa convicção é partilhada por todas as pessoas de bom senso. Chegamos a níveis extraordinários de conhecimento, comunicação, elaboração de direitos e deveres e ainda não conseguimos chegar a um relacionamento entre pessoas, que, mesmo discordando das opiniões uns dos outros, creem que seja possível o diálogo.
Em nossa sociedade, onde a violência social já é grande, pelas situações que todos conhecem, como o desemprego, insegurança e a miséria, não podemos aumentar mais ainda as situações violentas que tornam mais frágil nosso tecido social. Para tantos jovens que procuraram uma solução fácil para resolver esses problemas, e que hoje estão nas diversas casas de detenção, não temos o direito de dar um exemplo que justifique para eles essa solução.
A situação hoje reinante e a fragilidade social da paz fazem-nos pensar sobre como queremos construir o futuro pessoal e comunitário. São tantas as iniciativas pela paz, pelo progresso, pelo emprego, pela vida! Acredito que uma delas deva ser o diálogo entre as situações antagônicas, e de difícil solução, que possam levar à fraternidade, mesmo que inicialmente superficial, mas que aos poucos possa ir crescendo. Essa situação de busca de fraternidade está no sangue de nosso povo, que tão bem demonstra isso nos folguedos desse mês de junho.
Sonhar com um mundo fraterno e digno faz parte da constituição do ser humano. Acreditar no diálogo e no respeito à opinião das pessoas também está dentro da maneira humana de procurar resolver conflitos. Pedir às autoridades para que as providências para possíveis soluções apareçam e para que defendam a comunidade faz parte de nossa convivência social. É bom sonhar que um dia nossos noticiários possam ser muito mais positivos do que negativos, e que aos poucos encontremos soluções positivas para as angústias hodiernas.
Divergir, tendo soluções diferentes para as várias situações sociais, faz parte da inteligência humana. Eu acredito que ainda restam em nossos corações as sementes do Reino que foram plantadas pelos cristãos que aqui aportaram há mais de 500 anos e que têm modelado nossos sentimentos e ações.
Ao contemplarmos o nosso povo nas ruas e nas praças dançando nas festas juninas, rezemos e peçamos para que no coração e nas atitudes de cada um haja a dimensão humana do diálogo e da cooperação para resolvermos os conflitos.
Que Deus nos ajude para que os sentimentos cristãos plantados no chão de nossa terra venham cada vez mais à tona nos corações de todos.
