Aniversário do Seminário São José

Comemoramos 270 anos da fundação do mais antigo Seminário do Brasil, o Seminário São José, em celebração no dia 5 de setembro, na Igreja Matriz da Paróquia N. Sra. das Dores, no Rio Comprido, próximo ao prédio do Seminário. Neste dia, no ano de 1739, o nosso venerando predecessor Dom Frei Antônio de Guadalupe, que governou a então diocese entre os anos 1725 e 1740, fundou, sob o patrocínio de São José, o Seminário Episcopal.

Neste abençoado Ano Sacerdotal, é bom recordar que o Presbiterato é um dom sagrado. Ministro do altar, ele renova e atualiza o mistério redentor. Na Carta aos Hebreus, São Paulo expõe definitivamente a função sacerdotal daquele homem que, retirado do meio dos homens, é constituído a favor  dos homens em suas relações com Deus. Na pessoa de Cristo se exerce em sua plenitude o sacerdócio, ofertando-se a si próprio pela salvação de todos. Por isso, conclui o autor sagrado que “ninguém se atribua esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão” (Heb 5, 4). Esse sacerdócio foi se estendendo aos Apóstolos e a seus sucessores, quando Cristo, na Ceia derradeira, mandou que se fizesse isto em Sua memória.

Aqueles que forem chamados, humilde e santamente, devem se preparar, como o agricultor que seleciona as sementes e as cultiva em sementeiras para que possam depois, na vida, confirmar a seiva que receberam. Todos, é verdade, participamos do sacerdócio de Cristo. Mas, a alguns foi dado o ministério de celebrar para a comunidade a alegria pascal.

Para isto é o seminário. É a preocupação da Igreja para que tenhamos sempre verdadeiros sacerdotes. O Seminário é, pois, uma comunidade educadora e, como tal, sua vida interna está empenhada na formação espiritual, humana, intelectual e pastoral dos futuros Presbíteros. “Trata-se de uma formação que apresenta conteúdos, modalidades e características que decorrem especificamente de seu fim principal, que é o de preparar para o sacerdócio”, como reza o Estatuto do nosso Seminário.

Para que os objetivos propostos pela vida de preparação ao sacerdócio sejam vividos é necessário que a comunidade formadora tenha um programa que se caracterize pela organicidade-unidade e que seja adequado e eficaz, concretizando as grandes linhas da formação, mediante “regras particulares destinadas a ordenar a vida comunitária, estabelecendo alguns instrumentos e ritmos temporais preciosos”.

Informa o grande historiador eclesiástico, Monsenhor Maurílio Cesar de Lima, que o Seminário São José foi o primeiro seguramente reconhecido como casa de Formação Sacerdotal em nosso Brasil. Já se passaram exatos 270 anos de sua instalação e, inegavelmente, devemos dar ação de graças a Deus, por esta longa e benfazeja trajetória. Muitos santos presbíteros para a nossa Igreja Particular e para todos os recantos do Brasil passaram por nosso Seminário, sendo valorizada a sua história e a seriedade de seus conteúdos formativos. Dentre os ex-alunos muitos foram chamados ao Episcopado para servir a Igreja e ao nosso País.

Numa pesquisa fornecida pelo próprio Seminário, nos últimos anos, são 26 bispos que receberam a formação sacerdotal nesta Casa, que podemos chamar de coração de nossa Arquidiocese. Outros ainda que passaram pelos bancos do Seminário do Rio Comprido, formados sob a proteção de Deus e a bênção de Maria Santíssima, em muito contribuíram para evangelizar nas mais variadas formas de vida, inseridos na sociedade.

A história do Seminário começou numa grande chácara no morro do Castelo, nos fundos da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, adquirida pela Diocese ao alferes Manuel Pereira. Por essa razão, o logradouro público passaria a ser denominado pela população de Ladeira do Seminário, constituindo-se em uma das três vias de acesso ao cume do monte.

Em 3 de maio de 1740, Dom Frei Antônio de Guadalupe deu os Estatutos ao Seminário, posteriormente reformados pelos diversos prelados que o sucederam na administração. Para o sustento do estabelecimento, o prelado destinou perpetuamente ao Seminário o rendimento dos bens pertencentes ao patrimônio da Capela de Nossa Senhora do Desterro.

A administração do Seminário esteve sempre entregue aos sacerdotes da Diocese, até abril de 1869, quando o décimo  Bispo do Rio de Janeiro,  Dom Pedro Maria de Lacerda, o entregou à direção dos padres da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, conhecidos como Padres Lazaristas. Separou, também, o seminário maior do menor, passando este último para o Rio Comprido. Em 1891, Dom José Pereira da Silva Barros, seu sucessor, uniu novamente os dois seminários e estabeleceu-os definitivamente no Rio Comprido, trocando a Chácara da Mitra pelo antigo Seminário. Atualmente, com a denominação Seminário Arquidiocesano São José, está instalado em prédio moderno e localizado no bairro do Rio Comprido, Rio de Janeiro.

A formação eclesiástica não é só cultural. É uma experiência para uma opção de vida de serviço, como a de Cristo. Assim, o seminário tem procurado ser, na expressão de cada tempo nestes mais de dois séculos e meio de existência, o nosso querido Seminário São José.

Dom Orani João Tempesta

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