Obviamente, as consequências são muito diferentes quando os indivíduos e os cidadãos agem, sob o estímulo da Cultura da paz, visando uma transformação social, ou quando, tangidos pelo medo, se defendem, como podem, diante de perigos que estão ao seu redor. A CF 2009 mostra que o medo, quando tem “Origem natural”, é fator inerente à “preservação da vida humana, pois ele sempre se manifesta diante das situações de perigo aparente ou real e deixa a pessoa em estado de alerta, acionando os seus recursos defensivos e ofensivos.” Nesse sentido, tudo que é ameaça à vida causa medo – animais ferozes, calamidades, doenças, etc. Não é este tipo de medo que contribui para o surgimento da Cultura do medo. A etiologia dessa Cultura tem uma “Origem sócio-cultural”. Entre os muitos fatores que geram a Cultura do medo estão os “problemas de ordem econômica, como a fome, a miséria, a falta de moradia, o desemprego; (…) criminalidade, tráfico e uso de entorpecentes, tráfico humano, guerras, transgressões no trânsito, mau uso da terra, abusos do Estado e ações abusivas da mídia”.
Na leitura de estudiosos dos fenômenos sociais e na constatação do povo, o medo que tem “Origem sócio-cultural” é alimentador de violência social: “Em determinados casos, pode acontecer que instintos levem a comportamentos irracionais, o medo instintivo pode superar a ação da razão e levar o ser humano a agir de forma violenta.” As diversas manifestações de agressão à dignidade da vida e à sadia convivência social desencadeiam um processo de insegurança coletiva e, consequentemente, contribuem para a institucionalização da violência; isso se verifica, muitas vezes, na cidade, por uma questão banal, como um problema no trânsito, e no campo, por uma situação de maior gravidade, como os conflitos pela posse da terra. Outro fator que está muito presente na origem da Cultura do medo na família e na sociedade, por ser reconhecidamente destruidor da vida e da dignidade humana, é o tráfico de entorpecentes, por sua disseminação iníqua, e o consumo de drogas, causando grandes males, em razão da dependência química.
Embora a Cultura do medo se sedimente na mente das pessoas, é necessário que a sociedade toque o coração dos cidadãos, em vista da Cultura da paz.
