Teólogo faz memória dos ENPs e destaca desafios e compromissos dos padres

O teólogo padre Paulo Suess abriu o ciclo de conferências do 13º Encontro Nacional de Presbíteros (ENP), que teve inicio ontem, 3, em Itaici, interior de São Paulo. Participam encontro mais de 500 padres de todo o Brasil, além de 12 bispos, responáveis pelo acompanhamento dos presbíteros nos Regionais da CNBB.

Comemorando 25 anos desde a realização do primeiro encontro em 1985, o 13º. ENP se insere no contexto do Ano Sacerdotal, proclamado no ano passado pelo papa Bento XVI, para comemorar os 150 anos de São João Maria Vianey, patrono dos padres.

Suess fez uma longa retomada histórica dos ENPs e falou também dos desafios aos padres nos tempos atuais. “Onde está nosso lugar neste mundo dividido por pobres e ricos, devotos e secularizados?”, indagou o teólogo.

“Estamos numa roda viva: do mundo tribal fomos integrados ao sistema colonial; a partir do Brasil colonial construímos o Estado nacional; o Estado nacional está se inserindo, com perda de autonomia política e econômica, mundo global. O mundo global nos coloniza novamente pelos mercados e meios de comunicação. Somos espremidos como bagaço entre produção e propaganda”, disse.

De acordo com Suess, os semináriosnão podem esconder a realidade dos futuros padres. “Hoje, muitos seminários procuram proteger seus seminaristas dessa realidade com algumas commodities, compensações estéticas e sociais, e com justificativas pedagógicas. Esses seminários não são e nem têm a pretensão de serem laboratórios dessa realidade. Não nos preparam para entrar nessa realidade sem ser dela ou para gostar dessa realidade”.

O teólogo lembra que a responsabilidade sacerdotal é vivida num mundo secular e pós-secular. “Ser responsável significa através do nosso estilo de vida delinear horizontes que permitam dar respostas ou formular perguntas relevantes diante dos desafios da atual conjuntura e estrutura global. A responsabilidade emerge da ética evangélica, da sua capacidade de ir ao encontro do outro. A responsabilidade pelo outro nos remete ao núcleo central da ética cristã. Ao mais e ao mais rápido do sistema produtivo capitalista, procuramos responder com o maior, com a justiça maior, que é ruptura, e com o amor maior, que é gratuidade”, acentuou.

Leia aqui a íntegra da conferência do padre Paulo Suess.

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