Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
Estamos num período de Pandemia, do isolamento social para assim evitar o contagio do Coranavírus (Covid 19) de modo que vivemos mais em casa, com a família. Porém a solidariedade não falte na objetividade do amor ao próximo, assim como Jesus solicitou aos seus discípulos, o cuidado com o outro, como cumprimento da lei de Deus e dos profetas (Mt 22, 40). Vejamos essas idéias em alguns dos padres da Igreja, em que reforçaram o amor de Deus com o próximo na sua concretude de nossa existência.
São Gregório de Nazianzo, Bispo no século IV afirmou a necessidade de realizar o bem ao próximo, que faça da glória, um bem para comunidade que conduza um grande povo, uma nação santa, um sacerdócio régio (1 Pd 2,9), à imagem de Deus melhor restituída. É melhor ganhar mais pessoas a Deus que uma consagração a nós mesmos. Nós somos chamados a não nos preocupar só conosco mesmos, mas com o próximo. Cristo Jesus se humilhou até a condição de escravo e sem se exaltar à humilhação tomou sobre si mesmo a cruz, com os sofrimentos, os pecados e matou com a sua morte, a morte de todo o ser humano.
São João Crisóstomo, bispo dos séculos IV e V falou sobre o ponto de ajudar o próximo nas suas necessidades. Será preciso alertar aquele que cair na impureza, mas também será preciso ajudar a um doente para que receba uma comida, para quem está de cama, haja a necessidade da ajuda pessoal para curá-lo. Será preciso ir ao encontro de alguma pessoa que bebe, para superar a sua condição e tenha uma vida feliz. Mas também será preciso com caridade fazer a correção de algum defeito da pessoa conhecida de modo que uma pessoa é ajudada por outra pessoa. Isto é o cultivo da amizade que torna a pessoa uma cidade fortificada (Pr 18,19) de modo que não é a comida ou a bebida juntas que criam a amizade, mas o pensar juntos um com o outro das coisas que se devem enfrentar para o bem de todos. Isto leva a uma amizade útil e agradável ao Senhor e aos irmãos.
São Leão Magno, Papa de 440-461 ressaltou a importância de uma palavra espiritual para as pessoas que passam por dificuldades na vida. O comportamento externo deve sempre ser advertido para alcançar a Deus. É necessário escutar a voz do amor divino para ser construído com palavras edificantes. Talvez a pessoa tenha a necessidade de ajudar os outros com pães, mas também necessite melhorar a sua vida no tratamento com os outros. Se for importante ajudar o outro com coisas e alimentos, é também importante saciá-lo com alimento celeste, da alma imortal, com o dom de uma palavra edificante.
Santo Agostinho, Bispo de Hipona, dos séculos IV e V afirmou a importância dos benefícios espiritual e corporal que são possíveis oferecer ao próximo. Ele diz que se pode pecar contra o próximo em duas formas, se a gente o prejudica ou não se ajuda quando a gente poderia. Isto seria a condução de pessoas más que não se comportam bem com quem se deveriam amar de fato. É importante seguir a palavra de Deus que diz que o amor ao próximo não faz nenhum mal (Rm 13,10), porque tudo procede no bem, por causa do amor a Deus (Rm 8,28). Uma coisa é clara para o Bispo de Hipona que ninguém se acredite correto, desprezando o próximo, de alcançar à bem-aventurança e a Deus, pois Ele ama as pessoas. Assim amar o próximo, é ajudá-lo naquilo que mais necessita. Como nós temos uma alma racional e um corpo mortal e terreno, é essencial dizer que quem ama o próximo, em parte beneficia o corpo e em parte beneficia a alma. Em relação ao corpo a ajuda alegra a saúde corporal, quando são dadas coisas contra a fome, a sede, o frio, ou mesmo diante do calor. A alma é percebida pelo fato de que as ajudas deste tipo são chamadas misericordiosas porque a pessoa se une à dor do outro com alegria e com amor de Deus no coração.
São Jerônimo, presbítero dos séculos IV e V tinha presente a regra de ouro, no qual diz que “tudo, pois, quanto quereis que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles” (Mt 7,12). No fundo é a caridade sob a forma de dom a ser assumida pelas pessoas, fazendo sempre um serviço de amor aos outros. Assim se cada um doa ao outro aquilo que deseja que todos os outros doem a ele, toda a justiça vem observada e este preceito de Deus leva numa vantagem comum aos seres humanos. Devemos nos amar uns aos outros para assim termos os bens divinos dos quais somos chamados a viver um dia, para sempre.
Vimos a forma como alguns padres da Igreja perceberam o amor ao próximo, a partir sempre da objetividade da vida das pessoas para assim chegar ao amor a Deus na sua integridade. Vivamos o amor ao próximo, como a si mesmo para assim viver bem o amor a Deus.
