Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)
Para que pudéssemos viver autenticamente as suas verdades, foi que Cristo organizou a sua Igreja. É nela e através dela, que todas as coisas reveladas e todos os ensinamentos de Cristo chegam indefectíveis a nós.
Cristo está presente na Igreja. Sem ela, não se pode ver o rosto verdadeiro de Cristo, pois foi Cristo que a desejou, que a fundou e que a organizou hierarquicamente para permanecer Ele próprio na terra atualizando a sua obra salvadora. Foi Cristo que escolheu a Pedro como fundamento visível da Igreja quando disse: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. (Mt.16, 18).
Pedro, como primeiro Papa, e como todos os Papas, é sinal vivo de Cristo na terra, como símbolo forte e indispensável da unidade da Igreja desejada pelo Senhor: Que todos sejam um, ó Pai, como eu e Tu somos um! (Jo.17,22)
A Igreja é obra divina constituída pela bondade de Deus em favor das pessoas humanas, como mãe bondosa a quem todos devem amar com afeição de filhos. A frase de São Paulo aos Efésios, 5, 25, Dilexit Ecclesiam, revela o imenso amor de Cristo pela sua Igreja como a uma verdadeira esposa: Ele amou a Igreja!
Procurando se assemelhar a Cristo em tudo, o fiel proclama que antes de qualquer ação pastoral, antes de qualquer opção no campo das idéias, antes de qualquer outra função dos pastores, deve estar este amor incondicional à Igreja.
Certa vez, ouvi um santo bispo afirmar: a Igreja para mim é Cristo. Ela é o corpo místico do Cristo. E´corpo vivo, não morto. Por isso amar a Igreja é o mesmo que amar a Cristo; ofender a Igreja é o mesmo que ofender a Cristo.
Tal Bispo amava a Igreja e a amava por completo. Não lhe cabia na mente uma dicotomia entre Igreja–povo e Igreja-hierarquia. Segundo seus sábios ensinamentos, seria uma heresia considerar a Igreja como se fosse a junção de duas classes e pior ainda como se fossem dois grupos em continua luta ou disputa pelo poder eclesiástico. Tal pensamento causava verdadeiro horror à alma daquele santo Pastor.
Na verdade, se algum eclesiólogo assim o julgasse dicotomicamente, deixaria de ser fiel a Cristo na conceituação eclesiológica e por isso deixaria de ser verdadeiramente católico. Foi Cristo quem disse: eu sou a videira e vós sois os ramos (Jo.15,5). Qualquer idéia dicotômica comprometeria este conceito de Cristo que vê a Igreja como una. O Concílio Vaticano II, em seu decreto Ad Gentes, afirma: É o Espírito Santo que no decurso dos tempos, unifica a Igreja inteira, na comunhão e no ministério… (A.G. 4)
Contemplando Pedro e sua missão na Igreja, pode-se entender bem o que significa a vida da santidade. Ser santo é estar em continua sintonia com Deus. É ir aos pouco, na vivência de sua missão eclesial, se deixando invadir pela graça de Deus até viver plenamente em Cristo em favor dos outros. À semelhança de São Paulo Apóstolo, ele chegará a dizer: Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim! (Gal.2,20).
A 29 de junho, Dia de São Pedro, ou no domingo mais próximo, celebramos os mistérios de Cristo na missão de Pedro, e comemoramos o Dia do Papa. Que Deus continue derramando com abundância suas luzes e suas graças sobre a Igreja toda e sobre o Sucessor de Pedro, hoje o tão querido Papa Francisco que já conquistou o mundo. A ele, parabéns e louvores. Ad multos annos!
