Documentário retrata conflitos socioambientais em comunidades pesqueiras

“O documentário traz rostos, vidas, famílias, uma realidade que não é conhecida pela sociedade brasileira. Essa luta dos pescadores está escondida, a mídia não se interessa por ela. Com o documentário, nós temos a possibilidade de mostrar essa realidade tão dura e tão sofrida”, afirmou o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, a respeito do documentário “Vento forte”, lançado  pelo Conselho Pastoral dos Pescadores, na segunda-feira, 17,  na sede da CNBB, em Brasília.

 

O vídeo retrata os conflitos socioambientais em comunidades pesqueiras do Brasil e propõe uma reflexão sobre a importância dos pescadores e das pescadoras artesanais para o país e a urgência em debater as problemáticas que atingem seu modo de vida.

Presente na cerimônia, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, ressaltou a visibilidade que o documentário dará à realidade enfrentada pelos pescadores. Ao falar sobre a titulação dos territórios, ocupados há gerações pelas comunidades de pescadores, dom Leonardo reiterou aquilo que julga mais valioso. “Não se trata apenas de direitos à isso ou àquilo. Não. Refere-se a  vidas humanas,  pessoas,  cidadãs e cidadãos brasileiros”, sublinhou.

Segundo o CPP, são diversos os conflitos socioambientais que envolvem as comunidades pesqueiras, como aquicultura empresarial, o turismo predatório, a pesca industrial e os grandes empreendimentos.

A secretária executiva do CPP, Maria José, explicou que o “vídeo é uma denúncia da situação de violência que estão sofrendo as comunidades pesqueiras no Brasil”. Lembrou que “os pescadores são originários de comunidades afro e indígenas e que o Estado tem uma dívida com esta população”. De acordo com Maria José, o documentário servirá como “instrumento para fazer o direito acontecer”. 

A integrante do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais, Marizelha Carlos Lopes, disse que o documentário é mais um instrumento de resistência e falou da importância dos pescadores para o país. “Somos nós pescadores que produzimos setenta por cento do pescado do Brasil, que contribuímos para a soberania alimentar do nosso povo”, acrescentou. 

Para a cineasta Patricia Antunes, da produtora  Arte e Movimento,  o vídeo é um jeito de mostrar o que está acontecendo com os pescadores.  

O lançamento contou com a presença do bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da entidade, dom Guilherme Werlang; da secretária executiva do CPP, Maria José Honorato Pacheco; da procuradora da 6º Câmara do Ministério Público Federal (MPF) – Para a defesa dos Direitos das Comunidades Tradicionais, Débora Duprat, e dos integrantes do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), Marizelha Carlos Lopes e Josemar Durães.

Articulação

 

Também nesta semana, pescadores e pescadoras artesanais de todo o país reúnem-se para um seminário da “Campanha pela regularização do território das comunidades tradicionais pesqueiras”. O encontro, que teve início na segunda-feira, dia 17, e termina hoje, teve como pauta as discussões sobre a conjuntura política da pesca artesanal e a trajetória da Campanha pelo Território Pesqueiro, que acontece há dois anos. Também foi abordado na reunião o projeto de lei de iniciativa popular pela Reforma Política, elaborado pela Coalizão formada por mais de 90 entidades e liderada pela CNBB e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

 

Divulgação MPPComo um ato político, o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (CPP) dirigiu-se, na manhã de hoje, ao Palácio do Planalto para uma reunião com a secretaria geral da Presidência da República. Na ocasião, o grupo apresentou reivindicações relacionadas à atuação do Ministério da Pesca e Aquicultura.

 

 

Com fotografia do Conselho Pastoral dos Pescadores

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