Dom Remídio José Bohn
Bispo de Cachoeira do Sul (RS)
Iniciamos, na última Quarta-feira de Cinzas, o tempo quaresmal – 40 dias em preparação à Páscoa – em que fazemos a experiência do êxodo: passagem da escravidão para a liberdade, do individualismo para a solidariedade, da morte para a vida. É o tempo propício para refletir, rezar e viver gestos concretos de fraternidade. É com esta intenção que a igreja assume a Campanha da Fraternidade, abordando a cada ano temas e situações concretas que urgem decisões e atitudes corajosas de enfrentamento.
Neste ano o tema é: “Fraternidade e Tráfico Humano”. Aborda um problema muito sério, em que milhares de pessoas, todos os anos são traficadas por máfias que as submetem à exploração sexual, ao trabalho escravo, ao mercado de extração de órgãos e ao tráfico de crianças e adolescentes. Este diagnóstico aterrador mobiliza as polícias federais de vários países, a própria ONU e, inclusive, já se tornou tema de filmes no exterior e de novela no Brasil.
Trata-se de uma das questões mais graves da atualidade, embora em toda a História o problema tenha existido. Não há país livre do tráfico de pessoas, seja como ponto de origem do crime, seja como destino dos traficados. O Papa Francisco a esta prática assim se referiu: “o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas… Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos sendo tratados como mercadoria”.
Esta campanha tem por objetivo: “identificar as práticas do tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar este mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”. Em verdade, “É para a Liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Não podemos pensar que esta problemática esteja muito longe de nós. Importa abrir os olhos, conhecer esta realidade e estar atentos. Para isso convido a que reflitamos, rezemos e enfrentemos em gestos concretos esta realidade. Uma das formas mais adequadas, sem dúvida, será participar de grupos de família, fazendo bom uso dos subsídios da CF, que podem ser encontrados nas secretarias paroquiais. Nestes encontros são abordados os quatro principais enfoques do tráfico humano: Tráfico para a exploração do trabalho, Tráfico para a exploração sexual, Tráfico para a exploração de órgãos e Tráfico de crianças e adolescentes.
