Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

Foi instituído, na Itália, por três entidades que trabalham para a saúde integral das pessoas: a Fundação Nacional Gigi Girotti, o Ministério Nacional da Saúde e a Conferência das Regiões e Províncias Autônomas, o Dia do Alívio. Este dia foi homologado, legalmente, pelo Conselho de Ministros da Itália, em 2001, com a finalidade de: “promover e testemunhar, através de informação adequada e através da consciência e solidariedade, a cultura do alívio do sofrimento físico e moral, em nome de todos aqueles que estão completando seu caminho vital, não podendo mais cuidar da cura”.

A missão especial deste dia foi-se ampliando para acolher a todas as condições de doenças e situações existenciais de dor e sofrimento, mantendo um lugar de destaque na fase terminal da vida. Na última comemoração desta data, o Papa Francisco saudou  as pessoas reunidas no Centro Policlínico Gemelli, de Roma, para promover a solidariedade para com as pessoas que sofrem doenças graves, com as seguintes palavras: “Eu peço a todos para reconhecer em as necessidades também espirituais das pessoas enfermos e a estarem ao lado delas, com ternura”.

Este pedido do Papa que valoriza a espiritualidade do enfermo no contexto dos cuidados paliativos, trazendo conforto, consolação e qualidade de vida, encontra, muitas vezes, resistências arbitrárias em vários hospitais de nosso país. Quando interpelados pela violação abusiva dos direitos do paciente à uma assistência espiritual e religiosa, os responsáveis se encolhem de ombros, e dizem com cinismo: “ninguém da família solicitou serviços religiosos”.

Desconhecem a origem das palavras hospital e cuidado, que surgiram juntas e incluíam a espiritualidade como um elemento de alivio, consolo e de ajuda para o processo terapêutico. Também menosprezam a humanidade integral do paciente que tem sempre uma dimensão transcendente que não pode ser desconsiderada.

São herdeiros, parece, de práticas mecanicistas da medicina, que só se ocupa do corpo, visão reducionista que o renomado médico humanista Patch Adams, presente no Primeiro Fórum Mundial, em Porto Alegre ridicularizou, como também os 80 cursos de Medicina e Espiritualidade da Universidade de Harvard questionam essa abordagem antropologicamente pobre e mesquinha. Em tempos de interdisciplinaridade, quem trabalha com cuidados paliativos ou do alivio humanitário, não pode cometer a barbárie de excluir do paciente a sua fé e espiritualidade. Deus seja louvado!

 

 

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