Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O mês de junho trás três datas que nos fazem refletir sobre o tema da mobilização humana: 19 de junho, o dia do imigrante; 20, dia do refugiado e 21, dia do migrante. Vale à pena apresentar a mensagem do Papa Francisco, deste ano, sobre o fenômeno da migração, que tem como escopo: “Sonhar um mundo sem distinção entre nós e os outros migrantes”.
Ressoa cada vez mais intenso, o título da última Encíclica do Pontífice: “Todos somos irmãos”, defendendo a unicidade da família humana e a necessidade da amizade social e do diálogo, para construirmos a fraternidade na Casa Comum. Cristo, com sua encarnação, veio possibilitar a restauração do nós da humanidade numa Nova Aliança selada com o seu Sangue, para derrubar todos os muros e fronteiras que se fecham aos povos e às pessoas.
Ele veio para unir o que estava dividido e reconciliar o que foi quebrado pelo ódio e a inimizade. A Igreja, Corpo de Cristo, deve ser, ao dizer do Papa, cada vez mais católica, o que significa abraçar, acolher e amparar a todos os povos e nações numa irmandade que supera as identidades fechadas e hostis à unidade humana.
Exige lutar e empenhar-se na inclusão dos migrantes, estrangeiros e refugiados, acolhendo-os e integrando-os plenamente, procurando o reconhecimento de uma cidadania planetária, para que toda pessoa encontre sua pátria em todo país e lugar. A pandemia nos fez aprender, quero acreditar, que todos estamos no mesmo barco, que o mundo inteiro deve tornar-se uma nova Arca de Noé a serviço da salvação da vida de todos e todas.
Não há mais lugar para nacionalismos tacanhos e exacerbados ou imperialismos agressivos, mas o destino se chama interdependência e colaboração solidária que agrega e edifica o nós de toda a Criação. O sonho do profeta Joel, de uma humanidade nova, onde, com todas as criaturas, somos companheiros da mesma viagem.
Neste contexto quero agradecer, de coração escancarado, porque, a partir da Portaria, de 18 de dezembro de 2020, da Coordenadora de Processos Migratórios do Ministério de Justiça, foi-me concedida a Cidadania Natural Brasileira tornando-me um brasileiro integral e pleno, e poder assim retribuir a esta maravilhosa Terra de Santa Cruz pela sua acolhida generosa. Deus seja louvado!
