Resistir é criar, resistir é transformar

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Com o lema que intitula nossa reflexão, aconteceu o XIII Fórum Social Mundial, em Salvador, na Bahia, nos dias 13 a 17 de março. Mais de 60.000 inscritos, mais apoiadores simpatizantes e observadores, ultrapassou de longe os cem mil participantes. Uma multidão poliglota e cosmopolita, de muitas etnias e povos, protagonizando o que o Papa Francisco fala na Evangelium Gaudium, da atuação direta das culturas e nações em defesa do bem comum universal e do cuidado da Terra.

Desta feita, como expressam os dois verbos utilizados junto à palavra resistir, trata-se de inverter de forma criativa e generosa o processo de globalização perversa, conduzido pelo capital rentista e parasita, que subtrai fundos públicos e patrimônios nacionais para tornar a saúde, a educação, a segurança, a Terra, a água e o alimento em mercadorias administradas pelo capital financeiro e sua lógica especulativa.

Outro aspecto a salientar são as migrações forçadas que constituem uma página ultrajante pela falta de solidariedade, a exploração e tráfico de mão de obra e, finalmente, a hedionda e cada vez ampla rede de prostituição de pessoas adultas e crianças.

Migrações provocadas, as mais das vezes, por conflitos geopolíticos das grandes potências em torno do petróleo, do minério, das commodities, do alimento mundial e da água (esta já perfaz um mercado de 100 bilhões de dólares). Mas, o que não faltou, como sempre, em todos os Fóruns, foi a alegria inusitada de quem assume o futuro em suas mãos e com indignação, compaixão e o trabalho formiga de milhões de participantes em redes, vão forjando e criando nos seus corações, mãos, e na própria realidade transformada, um outro mundo possível.

Lá acontece, de veras, a pedagogia da cultura, do encontro e do diálogo tantas vezes frisado pelo Papa Francisco, porque cada um é valorizado como portador/a de uma sabedoria e experiência enriquecedora.

Sabemos que as verdadeiras mudanças vêm de baixo e envolvem a todos, fiquei novamente emocionado ao perceber tanta gente que se importa com os irmãos (ãs), com o sofrimento dos pequenos e dos pobres, que dão a vida para que a Terra seja um lugar aprazível, em Paz, com os bens partilhados, onde caibam todos. Deus seja louvado!

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