Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
“O mistério da Santíssima Trindade cristã é o mistério do amor Divino. Você vê a Santíssima Trindade, se você vê o amor [Deus é ágape]” (Santo Agostinho)
A Liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade nos remete a refletir e contemplar além do mistério por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas compreender, contemplar e inspirar o que é o amor, a vivência em comunidade e o transbordar desta comunidade de amor que criou a humanidade e fê-los comungar do mistério de amor.
“A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas só um Deus em três pessoas: ‘a Trindade consubstancial’. As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: ‘O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, O Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza’. Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (Catecismo §253).
A Primeira Leitura, retirada do Livro dos Provérbios (Pr 8,22-31), a Sabedoria relata e contempla toda a graça dispendida do Deus Criador à origem da Terra. Demonstrando a alegria de admirar e vivenciar todas as obras de Deus, bem como estar a todo momento ao lado do Altíssimo: “eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (cf. Pr 8,30-31).
O Evangelho de João (Jo 16,12-15), Jesus reafirma o envio do Espírito da Verdade como aquele que conduzirá à plena verdade, sendo o Paráclito esperado após a subida de Jesus Cristo aos Céus. “Pois ele – o Espírito Santo – não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu” (cf Jo 16,13b-15).
A Segunda Leitura dada pela Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,1-5), Paulo nos recorda que somos justificados pela fé através da mediação de Jesus Cristo, onde ao entregar-se como oblação para a nossa salvação, tivemos o acesso na esperança da glória de Deus. Assim, mesmo em meio a tribulação, “a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (cf. Rm 5,4-5).
Fortificados pela Liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade, não deixemos de buscar a perfeita comunidade de fé e o maior exemplo de amor perfeito. Pois, “Deus é amor! Não é um amor sentimental, emotivo, mas o amor do Pai que está na origem de qualquer vida, o amor do Filho que morre na cruz e ressuscita, o amor do Espírito que renova o homem e o mundo” (Papa Francisco).
“Ó Trindade eterna, na vossa luz que me destes …
conheci … o caminho da maior perfeição,
a fim de que na luz e não em trevas vos sirva,
seja espelho de boa e santa Vida,
e me tireis da minha miserável vida, pois,
sempre, por meus defeitos, vos servi nas trevas …
E vós, Trindade eterna,
com vossa luz destruístes minhas trevas”
(Santa Catarina de Sena)
Saudações em Cristo!
