Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
A resposta a esta pergunta, sobre a vitória nas eleições, seria para São Tomás Moro (padroeiro dos políticos), mantendo a limpidez e a integridade da consciência. Mais, seria para além dos resultados da contabilidade dos votos ter cumulado o maior capital moral, isto é, ter-se mantido honesto no falar, e no fazer, com um comportamento equânime e aquiescente na maneira de tratar os adversários e oponentes.
Ter apresentado a veracidade dos fatos, e não seduzido e simulado falsas virtudes, ou ainda projeções impossíveis de serem cumpridas ou concretizadas. Ter investido na mobilização popular e na ativação de uma cidadania lúcida, participativa e consciente que continuará, além do pleito eleitoral, a exercer o controle social e a exigir transparência na administração abolindo qualquer remedo de “orçamento secreto” ou desvio de recursos.
Ainda ter contribuído à elevação da dignidade e ética na política, no nível dos debates, tornando-se, como os estóicos, educadores da coisa pública, da austeridade e da probidade. Ter guardado a pureza de coração e a autenticidade e clareza de intenções, alegrando-se também com os acertos e contribuições do rival que fazem crescer a todos. Vivenciado a disputa como um certame de nobreza cívica, de cavalheirismo e de honra, que começa com a exigência a si mesmo, e a não complacência com qualquer baixaria, incoerência ou leviandade.
Para o verdadeiro cristão/ã, ou pessoa de boa vontade na política, esta não pode ser maquiavélica, isto é, buscar o poder pelo poder, mas tornar o poder um serviço generoso e desapegado ao povo, um ato de amor ao próximo, a começar pelos últimos, pequenos e desamparados.
Alguns participantes da Conferência de Aparecida riram ou esboçaram um sorriso incrédulo, quando um bispo falou de castidade política, expressão que queria salientar o absurdo de fazer política, sem ideais, princípios ou valores. O pior é ter esquecido a origem da palavra candidato para os romanos, ser e permanecer cândidos o que significa honestos, limpos.
Quando um candidato ou eleitor considera as eleições como uma guerra suja onde vale tudo, qualquer argumento, fake News, ou vilipêndio, ou injúria ao rival ou seu grupo de seguidores, esses atores já perderam definitivamente todas as eleições e o pior conspurcaram as suas almas. Deus seja louvado, pelos políticos que buscam a verdadeira coroa do triunfo imperecível e permanente.
