Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
(Mt 22,21)
XXIX Domingo do Tempo Comum
Celebramos esse XXIX Domingo do Tempo Comum, já entrando na reta final do ano litúrgico de 2023. Caminhemos juntos com Jesus até a entrada em Jerusalém e o aclamemos como o Rei e Senhor de nossas vidas. Somos convidados ao longo de todo o ano a caminhar junto com Jesus e entrar com Ele em Jerusalém.
Este domingo é o “Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionaria”. Sejamos todos missionários e missionárias e levemos adiante a Palavra de Deus. A partir do nosso batismo nos tornamos discípulos e missionários do Senhor e testemunhas D’Ele no mundo. O mundo de hoje está sedento do anúncio da Palavra de Deus. Somente espalhando o amor e a misericórdia que vem da Palavra de Deus transformaremos esse mundo.
Neste domingo do Dia Mundial das Missões acontece também a Coleta Missionária, ou seja, somos convidados a contribuir para que a missão da Igreja possa continuar chegando a várias partes do mundo. Ao contribuir com a Coleta Missionaria nos tornamos também missionários, pois contribuímos para que o Evangelho continue a ser pregado. Outubro é por excelência o mês missionário, mas logicamente não podemos fazer missão somente nesse mês, mas ao longo de todos os meses do ano.
A liturgia de hoje nos ensina que devemos oferecer sempre o que temos de melhor a Deus — colocar Deus sempre em primeiro e, depois, as outras coisas. Temos que cuidar das coisas sagradas, oferecer a Deus o que é de Deus e ao governo aquilo que é do governo. Não equiparemos os bens materiais a Deus e os deixemos em segundo plano.
A primeira leitura desse domingo é do livro do profeta Isaías (Is 45,1.4-6). O profeta Isaías fala a respeito de Ciro, (rei da Pérsia), Ciro foi instrumento de Deus para o povo de Israel, pois ele libertou o povo do exílio da Babilônia, dando-lhes novo ânimo para recomeçar novamente a caminhada. Ciro foi um instrumento de Deus para dizer ao povo que não há outro deus, além D’Ele, que foi quem libertou o povo da escravidão do Egito e os conduziu a terra prometida. Esse mesmo Deus trouxe de volta esse povo do exílio da Babilônia. A leitura termina dessa forma: “Eu sou o Senhor, não há outro”.
O salmo responsorial é o 95 (96) que diz em seu refrão: Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória! Toda a glória seja dada a Deus, esse Deus que libertou o povo do Egito, os conduziu a terra prometida e os resgatou do exílio da Babilônia. Deus é amor, paciência, bondade e misericórdia. Não fica olhando as nossas culpas do passado, mas está sempre pronto a nos dar o perdão. Reconheçamos a Deus como o único de nossas vidas e sejamos gratos por tudo o que Ele fez por nós.
A segunda leitura é da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1,1-5b). Esse trecho é o início da carta de Paulo a comunidade de Tessalônica. São Paulo está acompanhado de Timóteo e Silvano. Paulo faz uma oração de ação de graças pela comunidade e diz que sempre tem lembrado deles. A comunidade de Tessalônica era uma comunidade aparentemente sem problemas, ou seja, eram fiéis na oração, realizavam obras de caridade e colocavam tudo em comum. Em tudo isso, quem os inspirava era o Espírito Santo. A comunidade de Tessalônica era uma comunidade em sua maioria de recém-convertidos.
O Evangelho é de Mateus (Mt 22, 15-21). Nesse Evangelho, os fariseus fazem uma armadilha para apanhar Jesus em alguma palavra. Primeiramente, eles começam elogiando Jesus, dizendo que Ele é verdadeiro e não se deixa influenciar pela opinião dos outros. Depois, eles perguntam a Jesus, se é lícito ou não pagar o imposto a César. César era governador e pertencia ao império Romano na época e, como sabemos, o Império Romano governava Israel.
Jesus usou como sempre de uma grande sabedoria para dar a resposta e não disse nada que lhe comprometesse ou comprometesse seus discípulos. Se Jesus respondesse que não deveria pagar o imposto à César, iriam dizer que Ele era contra o Império Romano. E se Ele dissesse que tinha que pagar, iriam dizer que Ele estava ao lado do governo e não ao lado do povo. De todas as formas, queriam apanhar Jesus na resposta que Ele desse.
Assim, Jesus pede que lhe apresentem a moeda e pergunta qual a figura que está na moeda, e eles respondem: de César. Diante disso, sabiamente Jesus responde “Dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). Nessa resposta, sutilmente Jesus quer dizer que todos devem cumprir com as suas obrigações, seja com o governo ou seja com Deus.
Coloquemos as coisas de Deus em primeiro lugar. Os bens materiais passam e devem ficar em segundo plano, em outra passagem Jesus vai dizer que não devemos ser a dois Senhores, ou seja, “Deus e o Dinheiro”, devemos servir a Deus e usar o dinheiro com sabedoria e prudência.
Celebremos com alegria esse XXIX Domingo do Tempo Comum e peçamos a luz do Espírito Santo para que possamos usar o dinheiro com sabedoria e prudência e servir a Deus sem medidas. E, ainda, sejamos missionários e testemunhas de Jesus nos dias de hoje.
