Imaculada Conceição de Nossa Senhora 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

 

 

O Advento nos alegra com a celebração da concepção sem pecado original da Bem-aventurada Virgem Maria. Imaculada Conceição de Maria, Mulher escolhida pelo Pai para a nobre missão de ser a Mãe de Cristo, o que ela aceitou com a mais sublime humildade. Ela é modelo de Evangelho, de vivência cristã. É exemplo acabado de maturidade na fé: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim conforme a sua vontade”. A Imaculada Conceição de Maria manifesta a grandeza da graça divina que, ao nos purificar do pecado, em Cristo, torna-nos participantes da vida divina. 

Maria não só não cometeu pecado algum, mas foi preservada até da herança comum do género humano que é o pecado original. E isto devido à missão para a qual Deus a destinou desde o início: ser a Mãe do Redentor. Tudo isto está contido na verdade da fé da “Imaculada Conceição”. O fundamento bíblico deste dogma encontra-se nas palavras que o Anjo dirigiu à jovem de Nazaré: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). 

O Evangelho de Lucas 1,26-38 – o Arcanjo Gabriel dirige-se à desprezada Nazaré, não a capital Jerusalém, centro do poder político-religioso. Não a um homem, sacerdote do Templo, como no caso de Zacarias, mas a uma jovenzinha virgem, sem prestígios humanos, mas “cheia da graça divina”. Deus, para salvar a humanidade, chama os simples de lugares simples. Convida à alegria e promete ser presença na vida de seus eleitos: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Na segunda parte, que é o centro da narrativa, é descrita em cinco momentos, em forma concêntrica. 1 – Maria fica perturbada – perplexa – querendo entender o significado da saudação. 2 – O Anjo lhe anuncia o nascimento de uim Filho. 3 – Quem imporá o nome no menino será Maria, e não o pai, como dizia a tradição. O nome será Jesus, Deus salva.  4 – À partir do nome, o anjo diz a Maria qual é a identidade, a missão e o futuro do filho que dela nascerá, com cinco afirmações: “será grande; será chamado Filho do Altíssimo; Rei, descendente de Davi; reinará para sempre; Santo e Filho de Deus. 5 – O anjo apresenta a solução divina para a questão posta por Maria – “não conheço homem algum” – O menino será concebido pelo Espírito Santo e, por isso, “será chamado santo, Filho de de Deus”. Na terceira parte, conclusiva, o anjo afirma a Maria que para Deus nada é impossível.

Até a idosa e estéril Isabel engravidou por graça divina. Maria dá o seu “sim” generoso e definitivo: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”. 

“Cheia de graça” no original grego kecharitoméne é o nome mais bonito de Maria, nome que lhe foi conferido pelo próprio Deus, para indicar que ela é desde sempre e para sempre a amada, a eleita, a predestinada para acolher o dom mais precioso, Jesus, “o amor encarnado de Deus” (Enc. Deus caritas est, 12).  

A Solenidade da Imaculada Conceição ilumina como um farol o tempo do Advento, que é tempo de vigilante e confiante expectativa do Salvador. Enquanto nos encaminhamos ao encontro do Deus que vem, olhamos para Maria que “brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do Povo de Deus peregrino” (Lumen gentium, 68).  

Renovemos, hoje, com grande entusiasmo nosso ato de homenagem a esta doce Mãe por graça e da graça. Dirijamo-nos agora a ela com a oração que recorda o anúncio do Anjo. Ave Maria Puríssima! 

 

 

 

 

 

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