Economia e finanças – Cadernos do Concílio – Volume 31

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro

Hoje nos debruçaremos no volume trinta e um da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II – uma tradução e publicação das Edições CNBB – que tem como tema: “Economia e finanças”. Esse é um tema bem complexo e de grande preocupação para a Igreja, pois a mensagem evangélica deixada por Jesus é que não devemos acumular bens aqui na terra, pois o nosso maior tesouro deve ser o Reino dos Céus. Jesus ensina também que devemos partilhar aquilo que temos a mais com aqueles que pouco ou nada tem.

Jesus não condenava ninguém, mesmo aqueles que possuíam bens materiais e que conquistaram tudo com o suor do seu rosto e de muito trabalho, o que Jesus de certa forma condena é possuir os bens e não partilhar com aqueles que pouco ou nada tem. Não podemos juntar tesouros aqui na terra, dessa vida não levaremos nada, o nosso maior tesouro é o Reino dos Céus.

Um cristão, católico, não pode comungar da Eucaristia, participar do banquete do Senhor e não partilhar aquilo tem com os mais pobres. Seria uma incoerência partilhar o alimento espiritual e não partilhar o alimento material, pois o banquete Eucarístico é para todos, o Senhor não exclui ninguém, por isso, não podemos fazer distinção de pessoas e ajudar a todos, sobretudo os mais pobres.

No mundo de hoje vemos muitas desigualdades sociais, enquanto uns têm muito, outros têm pouco. Quantas pessoas vivem sem um saneamento básico adequado, sem uma educação de qualidade, sem saúde adequada e, ainda, muitas pessoas não têm o alimento necessário à mesa e têm de ir em busca de comida. Essa situação se agravou mais ainda após a pandemia de Covid-19 onde muitas pessoas ficaram desempregadas e com isso é não possível comprar alimento e nem pagar o aluguel de suas casas.

Nós como Igreja podemos ajudar em primeiro lugar oferecendo alimento, cobertores, roupas e abrigo para aqueles que vivem em situação de rua. Em segundo lugar intercedendo por essas pessoas para que olhem essa situação amenizando a dor dessas pessoas oferecendo abrigo, emprego, saúde e saneamento básico para essas pessoas.

Vivemos em um mundo que está progredindo muito rápido, através da tecnologia, carros modernos, celulares de última geração, casas modernas, enfim, muita coisa. Para acompanhar esse progresso é preciso olhar com carinho para todos os âmbitos da sociedade e, se preocupando com aqueles que vivem em situação de rua, oferecendo educação, saúde, emprego e moradia. Dessa forma estaremos no caminho para a construção de uma sociedade perfeita.

Deveria ser uma responsabilidade de todos os povos eliminar todas as desigualdades sociais. Viveríamos num mundo mais justo se ninguém passasse fome ou frio, se todos tivessem saúde adequada, emprego e moradia. Esse mundo é possível, começa com cada um de nós oferecendo ajuda à essas pessoas e buscando junto as autoridaes para resolver essa situação. Aos empresários e donos de empresas fazemos um apelo para que possam abrir vagas de trabalho para quem está desempregado. Aos prefeitos e governadores que eles ofereçam políticas públicas que facilitem moradias populares para essas pessoas. Além de saneamento básico, saúde e educação para todos.

A exemplo do que o Papa Francisco diz na Exortação Apostólica “Fratelli Tutti” (2020), somos todos “irmãos”, e conforme diz a Campanha da Fraternidade desse ano “Fraternidade e amizade social”, a partir do batismo nos tornamos filhos de Deus, irmãos de Cristo e irmãos uns dos outros. Pelo fato de sermos irmãos uns dos outros é que temos que nos preocupar com todos, não deixando com que ninguém fique sem alimento, sem roupa, sem casa, e sem o básico para viver. Dessa forma construiremos uma sociedade mais justa e fraterna e acabaremos com as desigualdades.

Quando somos batizados nos tornamos discípulos e missionários do Senhor, e chamados a ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda ser sal na terra e luz no mundo, diante disso temos que combater as injustiças, anunciar o Reino de Deus e ser luz na vida das pessoas. É nossa missão como católicos edificar uma sociedade mais justa e fraterna e lutar para que todos tenham os mesmos direitos.

É muito importante o trabalho na vida de uma pessoa, mais ainda o trabalho feito com responsabilidade e com dignidade. O trabalho dignifica o homem, por meio do trabalho é possível conseguir o sustento próprio e para a família, é possível pagar as contas e ainda sobra um pouco para se divertir com a família. Só temos que tomar cuidado para não sermos explorados no emprego e obrigados a fazer algumas coisas que irão nos prejudicar mais adiante, e se possuímos algum cargo de gestão não obrigar ninguém a fazer aquilo que não gostaríamos de fazer.

Outra questão a ser discutida e que coopera para que todos vivam como irmãos em nosso planeta é cuidar do meio ambiente, conforme o Papa Francisco diz em outra Exortação Apostólica “Laudato Si” (2015). Diante das transformações que vemos em nosso planeta, com o aumento do aquecimento global, aumento das queimadas, com a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, enfim, se quisermos dar sobrevida ao nosso planeta e garantir um futuro prospero para as próximas gerações temos que preservar o planeta, cuidando do meio ambiente e evitando polui-lo, o simples fato de não jogar lixo no chão já é um começo.

Convido a tomarem esse volume trinta e um da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II – iniciativa das edições CNBB – acessando o site www.edicoescnbb.com.br – você poderá adquirir a coleção – e estando em mãos e se aprofundar mais sobre o tema, além de ler as Exortações Apostólicas “Laudato Si” (2015), e “Fratelli Tutti” (2.020), exortações do Papa Francisco que nos ajudam a ter um maior cuidado com o meio ambiente sempre pensando no próximo. O mundo está em nossas mãos, cuidemos dele para garantir um futuro melhor para as próximas gerações. Além disso, olhemos para as necessidades de nossos irmãos e irmãs e estendamos as mãos, conforme Jesus nos ensinou. Amém.

 

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