Dom Fernando Arêas Rifan
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Dom Roberto Gomes Guimarães, cujo falecimento no último 29 de maio lamentamos com muitas homenagens e orações, Bispo emérito da Diocese de Campos, governou esta Diocese de 1996 a 2011.
Ele tem o mérito especial de ter sido o instrumento de Deus para a pacificação da Diocese, dilacerada por uma grave divisão interna. “Bem-aventurados os pacificadores”, é uma das bem-aventuranças proclamadas por Jesus no sermão da montanha, que bem se aplica a Dom Roberto Guimarães, chamado “o bispo da unidade”.
Para mim ele tem uma relevância especial no meu sacerdócio. Na Catedral do Santíssimo Salvador, em Campos, ele foi ordenado padre em 8 de dezembro de 1961. Eu, então com 11 anos de idade, cantei nessa cerimônia, pois fazia parte do coral infantil Pequenos Cantores de São Domingos Sávio, de São Fidélis, que nesse dia foi agregado ao coral da Catedral de Campos. Essa cerimônia da ordenação de Dom Roberto marcou a minha vida e influenciou na minha vocação ao sacerdócio.
Entrei em 1963, no Seminário diocesano onde Dom Roberto foi meu professor por dois anos. Suas aulas eram encantadoras.
Houve muitos problemas na diocese, inclusive a crise tradicionalista. Quando Dom Roberto Guimarães foi nomeado Bispo de Campos em São 1996, logo na primeira semana, ele me fez uma visita de cortesia, abrindo as portas para o diálogo, a mim que era o porta-voz dos padres ligados à tradição. Quando eu fui a Roma, no ano 2001, enviado por Dom Licinio Rangel e os padres da linha tradicional, pedi a Dom Roberto uma carta de apresentação (“celebret”) que ele me concedeu, facilitando assim enormemente as conversações com a Santa Sé, no Vaticano.
E, graças à sua aprovação, aquilo que parecia humanamente impossível, com a ajuda de Deus, a unidade da Diocese foi restabelecida quando em 18 de janeiro de 2002, com a vinda do Cardeal Dom Dario Castrillon Hoyos a Campos, a mando do Papa São João Paulo II, foi instituída a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, com documento assinado pelo Cardeal, por Dom Roberto Guimarães, por Dom Licínio Rangel, por todos os padres diocesanos e os sacerdotes da União Sacerdotal São João Maria Vianney, agora transformada pelo Papa na Administração Apostólica com o mesmo nome.
Nesse dia, Dom Roberto Guimarães, na sua homilia, exclamou: “Este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e nele exultemos! (Salmo 117), demonstrando seu contentamento pela unidade construída, da qual ele foi um dos artífices.
Que Deus recompense Dom Roberto no céu, pelo bem que nos fez, a nós, a toda a Diocese de Campos e à Igreja católica.
Descanse em paz, caro Dom Roberto Gomes Guimarães!
