Dom Benedito Araújo
Bispo de Guajará-Mirim (RO)
Saúdo a todos com sentimento de gratidão pela oportunidade deste encontro para partilhar minha experiencia como bispo da Diocese de Guajará-Mirim – Rondônia no coração da Amazônia.
Cumprimento a comissão organizadora, esta instituição que nos acolhe, e demais convidados que aqui vieram. É muito bom conhecê-los e levar ao vosso conhecimento as ações missionarias, diante da responsabilidade que a Igreja me confiou como bispo da Diocese de Guajará- Mirim.
Agradeço ao casal Christine e Jean Marie, pelo convite, o meu carinho e admiração. Vocês, assim como tantos colabores/as são preciosos para a Diocese de Guajará – Mirim. Pierre Louis, te agradeço por toda articulação feita.
Eu nasci em São Luís – MA, onde a influência francesa tem suas marcas, em especial pela presença religiosa de tantos missionários/as. Lembro em especial Dom Xavier Gilles de Maupeou d`Ableiges – Bispo emérito da Diocese de Viana – Maranhão que foi meu reitor no Seminário Santo Antônio.
Fui ordenado presbítero, 17 de novembro de 1991 e os primeiros 11 anos de ministério, fui designado para formação dos seminaristas no seminário diocesano e interdiocesano em São Luís – Maranhão.
Com 22 anos de padre, fui nomeado Bispo Coadjutor Pelo Papa Bento XVI para a Diocese de Guajará-Mirim (março/2011).
Em dezembro do mesmo ano, assumi o governo pastoral diocesano, dando continuidade no legado episcopal de gigantes missionários: Dom Francisco Xavier Rey, Dom Roberto Gomes de Arruda, Dom José Maria Pinheiro e Dom Geraldo Verdier. Legado missionário também das Congregações religiosas (Congregação N. S. do Calvário – 90 anos de presença na Diocese), leigos(as), inclusive os que através do DCC – Delegação para Cooperação Católica foram enviados para a Diocese de Guajará-Mirim e se apaixonaram pela Missão diocesana no coração da Amazonia.
Com a criação da Prelazia de Guajará -Mirim, 01 de março de 1929, as primeiras frentes pastorais foram voltadas para a comunicação, educação e saúde. Neste cenário Dom Francisco Xavier rei, considerado com força de Leão e coração de criança, dizia: “todos nós temos o dever de amar fazendo o bem no meio em que vivemos”.
Fui acolhido por Dom Geraldo Verdier – bispo emérito, com quem convivi na mesma residência durante 07 anos, aprendi muito com sua serenidade e encantamento pela Amazonia, como ele afirmou no seu livro: “Paixão pela Amazonia”.
A jurisdição territorial da Diocese é de 77.427.7 Km², 200 mil habitantes (IBGE – 2014), 13 Paroquias, 353 comunidades, 741 Catequistas, mil Km de fronteira com a Bolívia e população com forte presença de migrantes.
Concentra também 25 povos indígenas: Oro Wari (Oro Mon, Oro Ram, Oro Ram Xijein, Oro Não, Oro Jowin, oro Eo, Oro At e Cao Oro waje); oro Win; Cujubim; Uru Eu Wau Wau; Makurap; Tupari; Sakiabiat; Kampé; Wayoró; Aruá; Salamai: Massaká; Canoé; Djeoromitxi (Jabuti); Arikapú; Miguelém; Puruborá; Moré (Bolivia). A presença dos quilombolas que no início de colonização se deslocaram do Mato Grosso através dos rios Mamoré e Guaporé, trouxeram a festa do Divino Espírito Santo, que este ano de 2025 completou 128 anos de peregrinação fluvial que vai da Pascoa ao Pentecoste.
Economicamente o território da Diocese de Guajará-Mirim é considerado terra fértil com predominância da agricultura, pecuária e extrativismo, porém a opção agrícola pela monocultura (soja e milho) cria desafios preocupantes: o abandono da agricultura familiar, desmatamento, pressão aos pequenos produtores, invasões das terras protegidas por lei, mineração irregular, agrotóxicos, crime ambiental organizado, pressão das empresas internacionais, coalizões de interesse entre agentes econômicos e políticos que esgarçam os ordenamentos de direito e outros.
Diante da complexidade e exigência missionária desta Igreja particular, louvo a Deus e agradeço, porque descubro a cada dia, o quanto é preciso alargar os horizontes, como diz o meu lema episcopal: “Dilata locum tentorii tui – Alarga o espaço da tua tenda” Is. 54,2.
A Amazônia é um mosaico multicultural, multiétnico, multirreligioso, vasta biodiversidade, tradições, um território que precisa ser conhecido e respeitado, afinal é “um todo plurinacional interligado”.
Agradeço vossa atenção e paciência!
