Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
30° Domingo do Tempo Comum. 26/10/25 (Lc 18,9-14).
Texto referencial: “meus Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!” Eu vos digo, esse último voltou para casa justificado, o outro não. (Lc 18,13-14).
Jesus vai uma vez mais valer-se de uma parábola para evangelizar. Ele, mostrava ser mais um profeta do que um mestre para ensinar. Os mestres usam conceitos abstratos, teológicos, que envolvem mais a razão. As parábolas mexem mais com os sentimentos e a vida do dia-dia. Visam mais a conversão, sempre oportuna e necessária. Os ouvintes sentiam-se logo envolvidos: reagiam. Os fariseus de ontem e de hoje, dela necessitam e Jesus aproveitou-se do momento para urgi-la.
Quem são os que se dirigem ao templo? Um fariseu autossuficiente, tido como justo, orante e um publicano pecador e mal-visto. Jesus, que possuía um olhar clínico e uma capacidade ímpar de se valer das ocasiões para falar do Reino, aproveitou-se então do momento. Não basta ir ao templo, orar duas vezes ao dia e pagar o dizimo-o que, aliás, também hoje funciona muito bem, ao menos em relação ao dízimo… é preciso, isso sim ser misericordioso, solidário, bem como buscar a conversão diante de Deus, todos os dias: orando, louvando e agradecendo a Deus com fé e humildade.
Lembro que bíblica e teologicamente falando, a justificação é dom de Deus. É graça. Mas a salvação final é fruto também das boas obras. A fé sem obras é morta (Tg 2,17). Cristo é a videira (Jo 15,1) e nós os ramos. Estes, sem bons e muitos frutos, são cortados e jogados ao fogo. Igrejas abundam neste mundo, mas entrantes e discípulos autênticos, para entrar faltam. Como faltam os que visitam hospitais, doentes, idosos e adotem crianças abandonadas, bem como matem a fome dos famintos. Necessitamos então de bons samaritanos, de profetas inspirados e de bons pastores dedicados, como jesus pediu e mostrou ser.
