Bispo de Frederico Westphalen (RS)
Neste Domingo, celebramos a Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, conhecida como “a Mãe de todas as Igrejas da Urbe e do Orbe”. Esta Igreja é a Catedral da Diocese de Roma, cujo bispo é o Papa. Construída no século IV pelo Papa Silvestre I e o Imperador Constantino em honra de Cristo Salvador, a Festa de hoje nos ajuda a entender a natureza e missão da Igreja. Além disso, esta festa expressa a unidade da Igreja Universal em torno da Sé Apostólica, contemplando a Igreja como templo vivo de Deus, lugar onde Ele habita e de onde jorra a vida abundante para o mundo.
Primeira Leitura (Ezequiel 47,1-2.8-9.12): Ezequiel contempla uma água que brota do templo, crescendo progressivamente de um pequeno fio para um rio profundo. Esta água transforma o Mar Morto em águas doces e cheias de vida, enquanto em suas margens crescem árvores frutíferas que produzem folhas para medicina e frutos para alimento durante todos os meses. Simbolicamente, representa Deus como fonte de vida, cura e restauração que flui através da Igreja para alcançar cada vez mais pessoas e lugares.
Segunda Leitura (1 Coríntios 3,9c-11.16-17): São Paulo revela que o verdadeiro templo de Deus não é feito de pedras, mas somos nós mesmos. Estabelece que nossa identidade cristã é edificada sobre um alicerce único: Jesus Cristo. A advertência é severa: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá”, revelando nossa responsabilidade como membros do Corpo de Cristo. Não somos somente beneficiários da graça divina, mas seus templos vivos e cooperadores.
Evangelho (João 2,13-22): Jesus expulsa os comerciantes do Templo, purificando-o profeticamente. Declara: “Não façais da casa de meu Pai casa de comércio!“, demonstrando zelo pela santidade. Quando questionado sobre sua autoridade, responde referindo-se ao “templo do seu corpo“, revelando-se como o novo Templo definitivo onde Deus habita entre os homens.
Considerações Práticas para a Vida Cristã
Purificação Interior: Somos chamados a identificar elementos que contaminam nossa relação com Deus, transformando-a num “comércio” religioso. A purificação que Jesus propõe é renovadora, não destruidora, pedindo que identifiquemos o que impede nossa transparência diante de Deus.
Responsabilidade de ser Templo Vivo: Tomar consciência de nossa identidade como templo de Deus implica uma responsabilidade tremenda. Cada ação nossa pode edificar ou destruir este templo. Devemos cuidar de nossa vida espiritual e moral, sendo transparentes e coerentes com a presença do Espírito Santo que habita em nós.
Urgência da Comunhão Eclesial: Nossa responsabilidade não se limita à vida pessoal, mas se estende à edificação do Corpo de Cristo. Devemos ser instrumentos de unidade, paz e comunhão, evitando personalismos, divisões e críticas destrutivas que comprometem a santidade da casa de Deus.
Esperança da Vida Nova: Como Ezequiel, somos chamados a ser canais da vida divina para o mundo. Nossa santidade pessoal deve irradiar-se como luz, nossa caridade deve transformar tudo o que toca. Esta exigência não deve intimidar, mas animar, sabendo que cooperamos com o Espírito Santo, verdadeiro artífice de nossa santidade.
Conclusão
A celebração da Dedicação da Basílica do Latrão é um convite à renovação espiritual, purificação do coração e tomada de consciência de nossa identidade como templo de Deus. É chamado à responsabilidade pela edificação da Igreja e à esperança de que, através de nossa cooperação com o Espírito Santo, podemos ser instrumentos da vida divina para um mundo que busca significado e esperança. Que esta festa nos encontre dispostos a abrir nosso coração à ação purificadora de Cristo e a deixar que a graça de Deus flua por meio de nós como água-viva que traz cura e vida nova para todos.
