Perseverar no meio das tribulações 

Dom Antonio Carlos Rossi Keller

Bispo de Frederico Westphalen (RS)

 

O 33º Domingo do Tempo Comum, no Ano Litúrgico C, convida-nos a refletir sobre o fim dos tempos e a esperança que ilumina vida do cristão que caminha por este mundo como discípulo do Senhor. O tema central é a perseverança na fé perante as tribulações e o julgamento final, onde Deus separará os justos dos ímpios. As leituras bíblicas deste dia enfatizam a vinda do “sol da justiça”, o Cristo Senhor, a importância de uma vida laboriosa e fiel, e a certeza de que, apesar das perseguições e catástrofes, a salvação pertence àqueles que permanecem firmes em Cristo. É um chamado a viver o presente com os olhos voltados para o eterno, confiando na vitória final de Deus sobre o mal. 

Primeira Leitura: Malaquias 3,19-20 a. 

Nesta passagem do profeta Malaquias, anuncia-se o “dia do Senhor” como um momento de julgamento, onde os soberbos e malfeitores serão consumidos como palha. No entanto, para aqueles que temem o nome de Deus, surgirá o “sol da justiça” com raios de salvação e cura. O texto bíblico destaca o contraste entre a destruição do mal e a esperança para os fiéis, convidando-nos a uma conversão autêntica para evitar o fogo de condenação no julgamento e acolher a luz divina. 

Salmo Responsorial: Salmo 98,5-6.7-8.9 

O Salmo 98 é um hino de louvor à soberania de Deus sobre a criação. Ele exorta a aclamar o Senhor com instrumentos musicais, enquanto o mar, os rios e as montanhas se unem em júbilo pela sua justiça. Neste contexto litúrgico, o salmo reforça o tema do juízo final, celebrando Deus como juiz que vem governar a terra com equidade. É uma resposta poética à primeira leitura, convidando a uma alegria pela manifestação da salvação divina. 

Segunda Leitura: 2 Tessalonicenses 3,7-12 

São Paulo, na Carta aos tessalonicenses, exorta a comunidade a imitar o exemplo dos apóstolos, que trabalhavam com as próprias mãos para não serem peso a ninguém. Ele condena a ociosidade e o desleixo, afirmando que “quem não quer trabalhar, também não coma”. O texto sublinha a importância de uma vida ativa e responsável, especialmente em tempos de expectativa pelo fim, evitando a preguiça que pode levar à desordem pessoal e ao enfraquecimento da fé. 

Evangelho: Lucas 21,5-19 

No Evangelho de Lucas, Jesus prediz a destruição do Templo de Jerusalém e descreve sinais apocalípticos: guerras, terremotos, fomes e perseguições. Ele adverte contra falsos messias e assegura que, pela perseverança, os discípulos ganharão a vida eterna. O texto enfatiza que as tribulações não são o fim, mas oportunidades de testemunho. Jesus promete sabedoria e proteção divina, convidando-nos a não temer, pois nem um cabelo da cabeça perecerá sem o consentimento de Deus. 

Indicações Práticas para o Dia a Dia 

A mensagem da Palavra de Deus neste domingo nos impulsiona a viver com esperança e responsabilidade, preparando-nos para o encontro definitivo com o Senhor. Para aplicar isso no cotidiano, aqui vão três indicações práticas: 

Cultivar a perseverança na oração diária: Diante das “tribulações” modernas, como estresse ou conflitos, podemos reservar um momento diário fixo para rezar, meditando nas promessas de Jesus no Evangelho, para fortalecer a fé e evitar o desânimo.  

Adotar uma ética de trabalho responsável: Inspirados na segunda leitura, evitar a procrastinação e procurar contribuir ativamente em nossa família, em nosso ambiente profissional ou comunidade, trabalhando com dedicação como forma de testemunho cristão, promovendo a dignidade humana.  

Praticar a esperança ativa no bem: Como no profeta Malaquias, somos convidados a escolher ações justas no dia a dia, como ajudar o próximo ou defender a verdade, confiando que o “sol da justiça” brilhará sobre aqueles que temem a Deus, transformando o medo do futuro em ação amorosa no presente. 

 

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