Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Quando lemos todo o Antigo Testamento, sentimos que as palavras dos profetas tinham características específicas de apresentar figuras. Elas tomaram formas no Novo Testamento. Assim foi João Batista, uma figura, apresentada como precursor da chegada do Senhor. Ele não era o esperado, mas foi figura do Cristo, daquele que se tornou acontecimento na encarnação e no nascimento.
João Batista era uma pessoa totalmente despojada, despida de todo tipo de vaidade e de egoísmo. Foi realmente uma autêntica figura de Jesus Cristo e fez o câmbio de um longo passado para uma realidade nova e aberta, para realizar a construção do Reio de Deus. Ele anuncia o nascimento de um descendente de Davi, sobre o qual deverá surgir um mundo de justiça e de paz para a humanidade.
A tônica principal, aquilo que caracteriza mesmo o tempo do Advento, vem da pregação de João Batista, quando ele diz: “Preparai o caminho do Senho, endireitai as veredas para ele” (Mc 1,3). É uma mensagem que atinge a todos nós nesta preparação para a chegada das festas natalinas. Mais ainda, é convite ao arrependimento e ao propósito de vida nova e de intimidade com o Senhor.
Jesus vem como mensageiro da paz e para reconstruir o mundo, porque ele está mergulhado na violência e na injustiça. Em Jesus repousa o Espírito Santo, com todos os seus sete dons, como indica o profeta Isaías (11,2): Sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, entendimento, piedade e tenor de Deus. Não existe verdadeiro Natal sem abertura dos corações para o Espírito de Deus.
O período do Advento, tempo em que acontece a Novena de Natal em família, é a ressonância da ação da Igreja para atingir a prática de fé das pessoas, principalmente dos cristãos, para criar neles proximidade da Palavra de Deus e encontro pessoal com Jesus Cristo. A intenção primeira é a passagem de um Natal do comércio, do Papa Noel, para a presença de Jesus Cristo no coração de todos.
A contundência contida no anúncio proferido por João revela o perfil da identidade do Natal do Senhor. É o porvir profético de tempos inéditos, porque será a consolidação messiânica do amor e de encontro das pessoas com Deus. Essa atitude significa apontar caminho da salvação, aquilo que é revelado na presença de uma criança, que nasce numa manjedoura, nos arredores de Belém.
