Na Solenidade do Natal do Senhor celebramos o encontro entre o céu e a terra, contemplando o mistério de um Deus que se faz humano para nos comunicar sua dignidade divina. O assessor da Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frei Luís Felipe Marques, recorda que o tempo do Natal reafirma a fé em um Deus que entra na história e se faz presente na vida cotidiana.
“O Natal nos convida a acolher e a manifestar a certeza da presença de Cristo ao mundo por meio do nosso testemunho, na simplicidade de cada dia e no ritmo cotidiano das nossas vidas”, afirma.
As celebrações do Natal
A celebração da Solenidade do Natal do Senhor, explica o frei, compreende quatro celebrações distintas da Eucaristia: a Missa da Vigília (no entardecer do dia 24), a Missa da Noite ou Missa do Galo, a Missa da Aurora (ao amanhecer) e a Missa do Dia (em 25 de dezembro). Cada uma possui leituras e textos próprios, que aprofundam de modo progressivo o mistério da Encarnação, da genealogia de Jesus ao anúncio solene do Verbo que se fez carne.
“Na linguagem litúrgica, dizemos que são formulários próprios, com leituras e orações específicas. Assim, essas quatro missas não se repetem, mas se complementam”, esclarece o frei Felipe.
A Missa do Galo é a celebração central do Natal do Senhor e proclama, de forma enfática, o nascimento do Filho de Deus. Nela, a Igreja une-se ao canto dos anjos, “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”, e anuncia, com o evangelista Lucas: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para nós o Salvador”. Tradicionalmente, essa missa é celebrada na madrugada; contudo, muitas comunidades a antecipam para que as famílias também possam celebrar a ceia de Natal em seus lares.
A Missa da Aurora destaca o encontro dos pastores com o Menino Jesus e o assombro diante de um Deus recém-nascido, convidando à acolhida do mistério da Encarnação. Já a Missa do Dia aprofunda o sentido teológico desse mistério, contemplando a graça do Deus eterno que entra no tempo, o Verbo que se faz carne para a salvação da humanidade. “Esse admirável intercâmbio entre o céu e a terra permite que nós, humanos, sejamos elevados à eternidade”, ressalta frei Luís Felipe.
O dom da vida litúrgica
A Igreja oferece o dom da vida litúrgica para que os fiéis celebrem os mistérios do Senhor, aprendam a escutar a Palavra que salva, vivenciem ritos que transformam a vida e entrem no mistério que revela o acontecimento histórico em sua dimensão salvífica e teológica.
O assessor da Comissão para a Liturgia explica que, em razão disto, os fiéis são convidados a participar de ao menos uma dessas celebrações para viver, com alegria, o nascimento do Senhor. “Quem participa de mais de uma pode aprofundar ainda mais a experiência do mistério do Natal”, reforça.
“Tornamo-nos melhores cristãos quando compreendemos que a participação na vida litúrgica é essencial à vida cristã, pois nos conforma cada vez mais ao mistério de Cristo. A celebração eucarística é, em si mesma, uma experiência de presença, de comunhão, de adoração e de bênção”, destaca o assessor da CNBB.
Oitava de Natal
A Oitava de Natal é o período litúrgico de oito dias que se estende do Natal do Senhor, em 25 de dezembro, até a Solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro de 2026. Trata-se de um único e grande dia de festa prolongado, no qual a Igreja continua a celebrar a alegria do nascimento de Jesus, recordando Santo Estêvão (26/12), o primeiro mártir; São João (27/12), o evangelista da Encarnação; os Santos Inocentes (28/12), mortos por causa de Cristo, e a Festa da Sagrada Família, celebrada no domingo após o Natal do Senhor.
Neste ano de 2025, na Festa da Sagrada Família, ao elevarmos a Deus o louvor de ação de graças e de súplica, a Igreja vai celebrar também o rito de encerramento do Ano Jubilar. Ao contemplar a santidade da Família de Nazaré, as comunidades diocesanas do mundo inteiro suplicam a renovação da fé que move montanhas, da esperança que não decepciona e da caridade paciente e benigna.
“Celebrado no contexto da Oitava do Natal, esse encerramento assume um profundo valor simbólico de recomeço: reconhecemos que o Senhor fez jorrar um rio de graça e de bênção para a sua Igreja, ofereceu esperança a todos e fortaleceu os mais frágeis, sustentando os joelhos vacilantes”, concluiu o frei.
Por Willian Bonfim
