Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A mensagem do Santo Padre para o 59º Dia Mundial da Paz, reassume a temática da sua saudação inicial em ocasião do início do Pontificado: “A paz esteja com todos vós. Rumo a uma paz desarmada e desarmante. A sua reflexão começa situando-nos na saudação de Cristo Ressuscitado aos apóstolos: A paz esteja contigo!
Desde lá está saudação, vai fazendo acontecer no mundo, como uma verdadeira revolução silenciosa, demandando uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante.
A presença do Ressuscitado, derruba os muros da divisão e as trevas da violência, fazendo nascer um mundo novo. A paz é possível, existe e deseja habitarnos, alargando a inteligência, e resistindo a força bruta e insidiosa do ódio e e da guerra, vencendo-os com o amor e sopro de eternidade que ela carrega e faz resplandecer.
É neste sentir e mística que os promotores da paz enfrentando o desafio que o Papa Francisco definiu como a Terceira Guerra Mundial em pedaços, encontram forças e recursos, como sentinelas da noite. Como dizia Mahatma Ghandi não existe caminho para a paz a paz é o caminho, para alcançar e construir a paz, é necessário que ela tenha o rosto a mente e as mãos de uma paz desarmada.
Por isso a ordem de Jesus a Pedro: “Mete a espada na bainha! (Mt 26, 52). A paz não pode ser tratada nunca como um ideal distante e abstrato, mas tornar-se cultura cotidiana, estilo de vida, que deve ser experimentada, guardada e cultivada, passo a passo, palavra por palavra.
Superar a armadilha conceitual do equilíbrio das armas, do equilíbrio dos meios de terror, intimidação e disuasão, que sempre partem da idéia e preconceito que o homem é um ser violento e predador por natureza. Substituir o adágio romano tantas vezes invocado Si vis pacem para bellum (se queres a paz prepara-te para a guerra) pelo pensamento de São João Paulo II: Si vis pacem para pacem (se queres paz prepara-te para a paz), ou como afirma o Papa Leão XIV:
Na verdade, a força dissuasiva do poder é em particular, a dissuasão nuclear , encarnam a irracionalidade de uma relação entre os povos baseada não no direito, na justiça e na confiança, mas no medo e no domínio da força.
Torna-se assim imperativo anunciar e propor uma paz desarmante alicerçada na bondade e misericórdia divinas que brotam na Noite de Natal, acolhendo o Filho Unigênto o Príncipe da Paz.
Repensar seriamente como fez o Papa São João XXIII a necessidade de uma desarmamento integral, que atinja os corações e as mentes. É sumamente valioso contar com o contributo das Religiões e das diversas Culturas, que através do diálogo, da oração, da partilha em defesa da vida e da criação, sustentam uma autêntica espiritualidade e vivência da paz, tornando suas comunidades em casas e escolas de paz, cultivando o perdão, a reconciliação e a compreensão. Que ao encerrarmos o Jubileu da Espeança, nos tornemos cada vez mais em peregrinos, profetas e artesãos da paz! Deus seja louvado!
