A alegria de ser samaritano e compassivo

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

São Lucas nos apresenta, neste 15º Domingo do tempo comum, a parábola que melhor concretiza e explana o amor cristão e a caridade fraterna. Numa sociedade dividida e individualista, tornam-se cada vez mais necessárias pessoas que vivam o altruísmo, a alteridade, partilhando sua vida com os irmãos, soerguendo os caídos, importando-se com os pequenos e marginalizados.

É importante salientar, na atitude do samaritano, uma pessoa mal vista e até odiada pelos judeus, por motivos religiosos, o olhar humano e compassivo de reconhecer na pessoa ferida e tombada no caminho um irmão que precisa de socorro e ajuda. Em vez de fazer como o levita e o sacerdote, que estavam mais ocupados em uma religião ritual, que proibia tocar em impuros, o samaritano aproximou-se, como Cristo, das nossas misérias e carências.

Carregou-o e levou-o a uma hospedaria para ser curado e sanado de seus ferimentos. Lá, ainda vai atar, fazendo curativos, e derramar óleo e vinho em seu corpo espancado pelos assaltantes. Antes de ir embora, deixa paga a sua estadia na hospedagem dizendo que, se faltar dinheiro, ele vai repor. Magnífica narrativa, que também é uma auto-apresentação de Jesus como o Médico divino, benigno e solidário, que vem para nos libertar de todos os males e soerguer-nos à dignidade de filhos.

Ser cristão é tornar-se próximo, servidor, capaz de derramar ternura e cuidado a todas as pessoas, não nos importando do credo, raça, filosofia ou partido, mas vendo sempre, com o olhar misericordioso, um irmão/ã que tem estampado, como todo ser humano, a imagem divina. Neste inverno, colaboremos com as pastorais sociais, que agem a nível estrutural, curando e dignificando os pobres e as pessoas desvalidas, como faz a Obra do Samaritano, no Santuário Diocesano, com os nossos irmãos do povo em situação de população de rua. Deus seja louvado!

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