Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Muitos desconhecem o nome de José da Trino (1917-1996), talvez incidentalmente descoberto pelas inscrições nos viadutos cariocas, convidando à gentileza. Tornou-se o profeta da gentileza e bondade, acolhendo gratuitamente, com ternura e alegria, a todas as pessoas, começando pelos familiares das vítimas do incêndio do circo norte-americano, em Niterói, onde morreram 400 assistentes calcinados.
Esse testemunho, de proximidade e misericórdia, marcou profundamente aos moradores simples da grande cidade, mostrando que gestos de bondade edificam e transformam a política na arte do bem viver e do bom conviver. Parte da decepção com a classe política, hoje, é, por um lado, a sua conversão em balcão de negócios ou ter-se também voltado terreno fértil para o aventureirismo de déspotas e tiranos.
Não podemos generalizar, porque encontramos, também, lideranças populares servidoras que conservam sua integridade e seu olhar esperançoso, mas o importante é rodear a estes com o exercício de uma cidadania atuante e corresponsável, pois a corrupção nasce sempre na apatia cívica e na indiferença política. É necessário encantar a política e renová-la profundamente, mostrando que ela é capaz de tornar as pessoas generosas, altruístas e mais compassivas.
Despertar, como fizeram pessoas de coração aberto e mãos operosas, uma grande corrente do bem e da concórdia, da harmonia e do desprendimento. Desde São Tomás Moro, optando contra Maquiavel, por uma política de princípios e de prioridade à lucidez da consciência, apresentando-nos o ideal da “utopia”, da fraternidade, e da amizade política. Mahatma Gandhi, que demonstrou a força da verdade e da não violência, respeitando sempre a vida, ou ainda Martin Luther King e Dom Helder Câmara, defendendo os oprimidos e injustiçados com o amor universal e incondicional, provando que nada se constrói sem amor fraterno e verdadeiro.
Um valioso e eficaz discernimento para as eleições será olhar para a capacidade do candidato de empoderar o povo a partir da bondade e outros valores que tragam, ou façam acontecer, um desenvolvimento integral, solidário, inclusivo, e sustentável, para toda a pessoa e todas as pessoas. Não nos esqueçamos, gentileza gera gentileza, ódio gera ódio! Deus seja louvado!
