Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O Quarto Domingo da Quaresma tem sido conhecido, pela tradição litúrgica, de Laetare (da alegria), pois está próxima a Páscoa, e brilha para nós a misericórdia do Pai que tanto amou o mundo que enviou seu Filho para salvá-lo e não para condená-lo. Jesus nos revela que é necessário que Ele seja elevado na Cruz para que os que acreditarem na sua pessoa tenham a vida eterna.
Diante da violência, que cresce de forma assustadora, e das suas manifestações múltiplas e difusas, temos na Cruz o antídoto e remédio que nos leva à reconciliação e ao perdão. Nunca será demasiado ou exagerado afirmar que o Cordeiro crucificado é a fonte da vida e da Paz, que faz renascer um mundo novo, com a família humana reconciliada e irmanada no Sangue do Redentor.
Todas as soluções e propostas para uma verdadeira concórdia passam por um coração restaurado pelo Salvador. Não existe Fraternidade sem o perdão do Pai através de Jesus Cristo, que nos conduz a um amor sem medida, generoso, paciente, capaz de renovar profundamente todos osrelacionamentos e quebrar o círculo absurdo da violência homicida para construir vínculos de ternura e de Paz.
A Cruz deixa de ser um símbolo de terror e de morte para assinalar a misericórdia infinita do Pai que tem o prazer e a alegria de salvar e resgatar os seus filhos (as). Nela encontramos o caminho da solidariedade e compaixão que nos envia a evangelizar os pobres e com eles construir a sociedade do bem viver e conviver, da simplicidade e da partilha, que será capaz de superar a guerra de todos contra todos, que tem como raiz de todos os males, como afirma São Paulo, o amor ao dinheiro.
Assumir a Cruz de cada dia é deixar-se transformar em um mediador de Paz e consolação, educador da não violência e da firmeza moral da Verdade. Que a alegria da conversão a um estilo de vida mais autêntico no seguimento a Cristo, nos torne mansos, humildes, reconciliados e reconciliadores, vencedores da cultura da morte, do ódio e da violência. Deus seja louvado!
