Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A democracia é o governo do povo. É uma palavra grega, cujo sentido é a forma de governo no qual o poder reside no povo, que exercita a sua soberania através de institutos políticos diversos. Nós estamos neste sistema que deve ser sempre mais assumido, respeitado.
Nós temos um Presidente da república, Governadores estaduais, deputados estaduais e federais, eleitos pelo povo. Nós podemos dizer que estamos em uma democracia que está se afirmando como o governo do povo. É muito importante o respeito pelas urnas nas quais os novos governantes foram eleitos e o seu silêncio possibilita o pensamento e atitudes do povo para a mudança ou a continuidade da pessoa ou partido no poder. O que deve ficar claro é que o poder seja visto como serviço para os governantes em favor de todo o povo a eles confiado e não como dominação, beneficiamento próprio ou perpetuação das pessoas no poder. A palavra de Jesus é no sentido de que quem quiser ser o primeiro de todos, seja o servidor também de todos.
Vamos torcer aos novos governantes para que realizem um bom governo, tendo presentes as promessas feitas em favor do povo, sobretudo dos pobres, dos necessitados. É boa a alternância no poder pelo fato de que ela é necessária para o bom andamento das coisas, dos projetos familiares, comunitários e sociais. Um partido não pode se perpetuar para sempre no poder. É fundamental a reflexão na derrota para o partido que perdeu e faça o partido vencedor nas urnas assumir as responsabilidades na administração, seja no Estado como no Pais.
Os desafios para os novos governantes são muitos. Como Igreja e como povo de Deus que acredita nas reformas sociais e comunitárias, podemos elencar alguns que deverão ser enfrentados com o apoio dos parlamentares e do povo. Um dado fundamental é a superação da corrupção. Vemos que as promessas dos governantes vai nesta direção. O povo está se manifestando sempre mais contra este mal social que tira os meios econômicos para a saúde do povo, o transporte, a escola, o ensino no campo, a rua, o bairro, a casa e outros meios para a vida do povo. É fundamental também o respeito aos direitos das pessoas que foram debatidos e conquistados há muitos anos. É preciso o respeito à demarcação das terras dos povos indígenas, a luta pela reforma agrária para que todos possam ter um pedaço de terra para a sobrevivência.
Os governantes devem ter presentes os gastos públicos, a questão do saneamento, a divida interna e externa. Vemos também as questões do combate ao tráfico, a pobreza, o desemprego de milhões de brasileiros e brasileiras, a violência urbana e no campo, a morte de jovens, de lideranças do campo, a defesa da vida desde o ventre materno até o seu ocaso, o valor da família, a superação da violência, da ideologia do gênero, a defesa da Amazônia, o freio ao desmatamento, o respeito aos povos indígenas, os ribeirinhos, as águas, os rios, a ecologia integral. Muitas coisas foram feitas pelos últimos governos em favor do bem de todos. Porém é preciso fazer sempre mais e melhor. Agora vemos a disposição de todos constituírem uma equipe boa para o governo, trabalharem para fazer o melhor, dar o melhor de si para o povo, para o Estado, ao Pais ao mundo e a Deus. Apoiemos as reais intenções de nossos governantes que a partir de 01 de Janeiro de 2019 estarão na frente do Pais ou do Estado para que governem com justiça, amor, mantenham forte a democracia, a liberdade, observem a constituição brasileira, prezem pelos direitos e deveres das pessoas, sobretudo das pessoas que mais sofrem, dos pobres, dos marginalizados.
Rezemos a Deus Uno e Trino para que eles tenham o dom da sabedoria, e olhem com carinho e amor a todas as pessoas. Possibilitem vida digna para todos os povos, tendo o presente a vida atual e um dia a eternidade. Como dizia Santo Agostinho, a cidade terrena aponte para a cidade celeste, a eternidade com Deus.