A Encíclica de Bento XVI

Acaba de ser publicada (dia 7 pp.) a nova Carta Encíclica de Bento XVI sobre a Doutrina Social da Igreja, intitulada “Caridade na Verdade”. Oportunamente aborda muitas temáticas da modernidade no horizonte do desenvolvimento humano integral, vivido na caridade e na verdade. Ambos os termos merecem atenção pelo respectivo conteúdo, denso de significado. Desenvolvimento e progresso. O que é desenvolvimento humano? O que é progresso? Qual é a diferença entre ambos os conceitos? O que significa desenvolvimento humano integral? E por que a expressão “caridade na verdade” vinculada ao desenvolvimento humano?

Desenvolvimento e progresso são termos não redutíveis a conceitos nominais. São realidades vividas concretamente como experiências que repercutem diretamente na vida das pessoas e dos povos. O que é o progresso de um povo senão a somatória de suas conquistas sociais, vinculadas ao bom desempenho científico e tecnológico que, por sua vez, projetam-se nos relacionamentos sócio-econômicos e políticos? O que é o desenvolvimento humano senão a contemplação dos benefícios que dignificam a vida dos cidadãos e cidadãs, facilitando a convivência social, respeitando o bem público, provocando bons relacionamentos e, enfim, a tranquilidade na ordem?

No centro de todo progresso deve estar o ser humano, coletivamente pensado, priorizando os grandes valores referenciais, éticos e morais, agregados aos benefícios advindos no tempo e no espaço. Diz Bento XVI: “Não é suficiente progredir do ponto de vista econômico e tecnológico. É preciso que o desenvolvimento seja verdadeiro e integral, antes de tudo. A saída do atraso econômico, um dado em si mesmo positivo, não resolve a complexa problemática da promoção do homem” (n. 23).

O progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação! Nos desígnios de Deus cada homem é chamado a se desenvolver porque toda a vida é vocação. É precisamente este fato que legitima a intervenção da Igreja nas problemáticas do desenvolvimento (n. 16). Sem Deus o desenvolvimento ou é negado ou acaba confiado unicamente às mãos do homem, que cai na presunção da auto-salvação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado.

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