No próximo dia 13 começa em Brasília o sextoCongresso Eucarístico Nacional.. O primeiro Congresso Eucarístico internacional aconteceu em Lille – França – em 1881. Desde então eles se repetem. Seu objetivo é aprofundar na vivência dos cristãos o sentido da Eucaristia, sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor.

A Eucaristia é o centro da Vida da Igreja. Logo após as palavras da consagração, o padre proclama em alta voz: “eis o Mistério da Fé”. A assembléia dos fieis aclama: “anunciamos, Senhor vossa morte e proclamamos vossa Ressurreição, vinde, Senhor Jesus”. A Eucaristia é o Memorial da paixão e morte do Senhor. As palavras da instituição o dizem claramente: “Isto é meu Corpo, dado por vós” e “Este é o cálice do meu sangue… derramado por vós…” E ainda: “fazei isto em memória de mim” (Cf. Mt 26,26-29; Mc14,22-24; Lc 22,19-20; I Cor 11,23-25). “Corpo dado e Sangue derramado”, são expressões que nos remetem imediatamente ao sacrifício da Cruz. Por isso a Igreja sempre entendeu que pelas palavras da consagração se faz presente o Senhor Ressuscitado sob os sinais do pão e do vinho, cuja realidade profunda se tornam seu Corpo e Sangue, e que Ele traz para o altar o ato de amor com o qual entregou sua vida ao Pai pela nossa salvação.

A Eucaristia, celebrada em nossas comunidades todos os dias, torna, pois, presente para nós a ação redentora de Cristo pela qual Ele nos envolve sempre de novo, e cada vez mais intensamente, no amor do Pai, para o louvor de sua glória e salvação de toda a humanidade. A Eucaristia, pois, atualiza para nós o sacrifício redentor de Jesus, não enquanto sofrimento, mas enquanto oferecimento, ou seja: o ato de amor com que Jesus assumiu seu morrer, está presente em cada celebração eucarística de que participamos. Podemos e devemos nos oferecer com Ele cada dia de novo, entrando no movimento de amor com que na Cruz Ele se entregou ao Pai por nós. Vida que não se oferece é vida perdida. Nossa existência se gasta inevitavelmente, mas não inutilmente, pois podemos fazer dela um contínuo ato de amor a Deus e aos irmãos.

Na Eucaristia entregamos a Deus, com Cristo, nossos sacrifícios cotidianos. Nossa vida, gasta no amor, é guardada no coração do Pai para o dia do encontro definitivo com Ele, quando nos será restituída, multiplicada ao infinito. Mais intenso e profundo encontro com Cristo não há nesta vida que aquele que se realiza através da participação na celebração eucarística. Até que Ele venha de novo, nós o encontramos nos sinais sacramentais do pão e do vinho consagrados. Sobre a firme fé da Igreja na presença real de Cristo nos sinais do pão e do vinho temos, dentre muitos, o testemunho de São Justino, nascido nos inícios de séc. II: “a ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.

Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso Salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento – sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo -, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue e é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou”. Por isso a celebração eucarística dominical é, desde os primórdios, a grande celebração da comunidade cristã como nos informa São Justino: “Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos”. Firmada nessa fé a Igreja sempre reverenciou e guardou com carinho as sagradas espécies eucarísticas depois da celebração. Por não existirem igrejas, no princípio eram guardadas em casas particulares, para que a Eucaristia fosse levada aos enfermos. Este fato atesta a fé na presença real permanente de Cristo nos sinais do pão conservados em nossos sacrários.

No século V, o sínodo de Verdun, na França, manda guardar a eucaristia em um lugar eminente e honesto e recomenda que junto do sacrário fique sempre acesa uma lâmpada. Progressivamente se desenvolveu o culto de adoração a Cristo na hóstia consagrada, chegando à sua mais alta expressão no séc. XIII com a instituição da festa de Corpus Christi. Desde então a Igreja não cessa de recomendar o culto à Eucaristia como fonte inesgotável de graça para a vida cristã. O culto à Eucaristia, pois, tal como se encontra na prática da Igreja Católica é o desdobramento normal da fé bíblica na presença real (Cf. I Cor 11, 27-29). Por isso ecoa forte, em nossos corações agradecidos, a mensagem do Próximo Congresso Eucarístico em Brasília (13  a 16.05), que tem como tema: “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários” e como lema: “Fica conosco, Senhor”.(Lc 24,29). Vivamos da Eucaristia!

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

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