Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz
Arcebispo da Paraíba

O patrimônio da família sempre guiou os rumos da humanidade, em todos os tempos e lugares. Em todo o Brasil, acabamos de celebrar a Semana da Família. Ano após ano, não nos cansamos de colocar na pauta social dos brasileiros o tema do grande tesouro da convivência familiar. Mas afinal, a Família como vai? Tomo a liberdade de fazer uso das palavras de S. João Paulo II, quando em 1981, por meio da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, fez um raio x direto e objetivo que nos ajuda a responder a situação da família na modernidade: “… nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamenta”. Vemos que o santo pontífice não ancora seu ensinamento no fatalismo, mas, partindo da realidade concreta, aponta as dificuldades e suas luzes.

Para a Igreja, e também para a ordem natural, a família é um bem superior. Esta não pode tornar-se um apêndice social, como se fosse mais uma das muitas realidades da normalidade da vida. Cabe ao serviço evangelizador da Igreja cuidar desse tesouro tão querido e necessário, levar aos homens e mulheres deste tempo a compreensão fundamental de que a partir da família, Deus continua a desenvolver seu plano de amor para a humanidade. Vivemos tempos sombrios em que se facilmente recusa o amor de Deus. A Igreja sempre procurou cuidar de seus filhos, levando-os ao conhecimento da verdade, conhecimento este que é precedido pelo exercício da liberdade. A Igreja, que é mãe e mestra, ensina seus filhos a viverem um amor forte no seio familiar, como nos pede o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Amoris Laetitia. O amor familiar, principalmente nos dias de hoje, é uma inevitável luta que deve ser travada com alegria e decisão no interior da vida comum de um homem e uma mulher que se unem para formar uma comunhão de vida. Afinal, como diria o ainda contemporâneo Chesterton: “A coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns”. A família como vai? Apesar das muitas dificuldades, ela luta para ficar bem, pois somos conscientes que o caminho cristão e de tudo aquilo que ele toca, possui a marca da cruz. E a cruz que carregamos não é maldição, mas um peso que não carregamos sozinhos. O Senhor ajuda nossas famílias a carregar a cruz com amor forte.

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