Tratando do apostolado dos leigos, afirma o Concílio Vaticano II: “O campo do apostolado se abre imensamente na esfera nacional e internacional, onde os leigos são, de maneira especial, os que traduzem na prática a sabedoria cristã. Em seu amor à pátria e no fiel cumprimento dos deveres civis, sintam-se os católicos obrigados a promover o verdadeiro bem comum e assim fazer valer o peso de sua opinião, para que o poder civil se exerça na justiça e as leis correspondam aos preceitos morais e ao bem comum. Os católicos versados em política, e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã, não recusem cargos públicos, se puderem por uma digna administração prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o Evangelho.” (Apostolicam Actuositatem, nº 1383).
O Compêndio de Doutrina Social da Igreja Católica, publicado pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, contém a orientação da Igreja sobre a participação do cidadão na vida pública e sobre o desencanto de muitos pela política: “atente-se, por exemplo, para as tentativas dos cidadãos de ‘negociar’ as condições mais vantajosas para si com as instituições, como se estas últimas estivessem a serviço das necessidades egoísticas, e para a práxis de limitar-se à expressão da opção eleitoral, chegando também, em muitos casos a abster-se dela.” (Compêndio, nº 191) Entre nós, a corrupção, no processo eleitoral e no exercício do mandato, contribui para o desencanto político, a ponto de levar o eleitor a votar em branco, anular o voto ou justificar o não comparecimento às eleições.
A Igreja, com clareza, se pronuncia sobre a participação dos católicos na vida política e faz uma leitura da realidade política no Continente latino-americano no Documento de Aparecida: “Cabe assinalar, como grande fator negativo em boa parte da região, o recrudescimento da corrupção na sociedade e no Estado, envolvendo os poderes legislativos e executivos em todos os níveis, alcançando também o sistema judiciário que, muitas vezes, inclina seu juízo a favor dos poderosos e gera impunidade, o que coloca em sério risco a credibilidade das instituições públicas e aumenta a desconfiança do povo, fenômeno que se une a um profundo desprezo pela legalidade. Em amplos setores da população, e especialmente entre os jovens, cresce o desencanto pela política e particularmente pela democracia, pois as promessas de uma vida melhor e mais justa não se cumpriram ou se cumpriram só pela metade.” (DA, nº 77)
A CNBB afirma nas atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, (…). Devemos nos empenhar na busca de políticas públicas que contribuam, efetivamente, para o bem-estar das pessoas, famílias e povos. As comunidades e demais instituições católicas procurem colaborar com outras instituições privadas ou públicas, com os movimentos populares e outras entidades da sociedade civil, no sentido de reivindicar democraticamente a implantação e a execução de políticas públicas voltadas para a defesa da vida e do bem comum, segundo a Doutrina Social da Igreja.” (Doc. 87, nº 187 -188).
Nestas Eleições de 2008, pronunciem-se os eleitores com a seriedade que encontram nestes Documentos da Igreja Católica.