Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A comemoração de fiéis finados que acontece no calendário litúrgico no dia 02 de novembro conjuga pela ressurreição de Cristo Salvador uma nota de bondade e esperança.
Bondade que encontramos na expressão de São Francisco “irmã morte”, que nos lembra como está na famosa oração atribuída a ele que é morrendo que se vive para a vida eterna.
Sim a morte a luz da Páscoa do Senhor torna-se passagem transformadora que encerrra nossa vida terrestre para transformá-la na beleza incomensurável da vida plena em Cristo. Bondade divina que não nos deixa solitários no Vale do Sheol mas conduz-nos ao encontro feliz da comunhão dos Santos.
Superamos assim a traumática desconstrução da nossa tenda provisória neste mundo para mergulharmos na misericórdia e a ternura do nosso Pai.
Por isso para os cristãos esta data é comemorada como um reavivamento da nossa esperança, momento de paz e saudade que nos une com nossos queridos finados, e alimenta a espectativa e anseios do reencontro definitivo. Esperança na bendita ressurreição da carne, que mostra-nos a reconciliação plena de tudo e de todos em Deus.
Um olhar contemplativo que nos faz suspirar por uma Nova Terra e um Novo Céu realização da justiça plena do Reino.
A partir desta visão podemos chamar o cemitério de Campo santo, o lugar da espera e da oração em comunhão com nossos irmãos finados. Dia para testemunhar uma vez mais que o amor é mais forte que a morte, e que a esperança vence sempre o vazio e a falta de sentido com que as vezes podemos viver. Ser cristãos é por certo desvendar o segredo do grão que morre e enterrado brota para uma vida eterna, ou como afirmava Karl Rhaner para uma explosão de vida que nos leva a superar as barreiras do tempo e do espaço para uma comunhão com todo o universo em Deus. Entendemos também a frase de Santa Teresinha “eu não morro mas entro no oceano da misericórdia de Deus”. Nunca esqueçamos a mensagem de Jesus “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele.” ( Lc 20,38 ). Que a luz perpétua os ilumine!
