Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Celebramos com alegria e esperança o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária, neste dia 17 de outubro. É uma data para recordarmos o nosso compromisso em relação à fé que professamos, de sermos discípulos do Senhor Jesus. Missionário não é somente aquele que leva a mensagem do Evangelho para aqueles que não conhecem Jesus. O horizonte missionário dos nossos dias vai muito além do primeiro anúncio de apresentar Jesus para aqueles que não o conhecem. O maior desafio para a ação missionária na realidade de hoje é anunciar o Evangelho às pessoas que vivem nas realidades urbanas, muito próximas de nós, junto àqueles que foram batizados, mas não evangelizados nem acompanhados, por isso não conheceram nem acolheram com a convicção de discípulos a mensagem do Evangelho.
No peregrinar da vida, em meio às provações, muitos cristãos viveram situações de distanciamento da comunidade, da perda do sentido de pertença à mesma ou passaram por situações de abandono no acompanhamento espiritual. Todas essas realidades podem ter contribuído para apagar a chama da fé, que iluminava o caminho do seguimento do Mestre Jesus, levando-os à perda do sentido de pertença à Igreja, comunidade de fé.
O missionário é aquele que, colocando-se a serviço do Reino, torna visível a universalidade da Igreja e revela a força inovadora do Evangelho de Cristo, que como tal não conhece fronteiras. É aquela pessoa que está disposta a ir ao encontro de quem não conhece Jesus ou deixou de ser discípulo. Mas para ter essa disponibilidade é preciso ter um coração inflamado pelo amor de Deus e do homem.
Estimados diocesanos, a força missionária de uma Igreja está radicada no amor e se fortalece aprendendo a olhar além dos projetos locais e com humildade, pondo-se a serviço d’Aquele que nos chamou à vida. Fomos libertados por Cristo para que ficássemos livres (cfr. Gal 5,1) para servir melhor os outros, restituindo assim a Deus o que d’Ele recebemos.
O Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica Envangelii Nuntiandi, afirma que o anúncio “da mensagem evangélica não é para a Igreja um contributo facultativo: é o dever que a incumbe por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam crer e ser salvos” (EN 5). A Missão é “a mais profunda identidade” da Igreja (EN 14). A Missão, portanto, não é apenas “pregar o Evangelho em regiões geográficas sempre mais vastas ou a populações sempre mais extensas, mas também de atingir e quase abalar pela força do Evangelho os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que estão em contraste com a Palavra de Deus e aos desígnios da salvação” (EN 19).
Como Igreja comunidade de fé, que se coloca na escuta de Deus, e acolhe os sinais dos tempos com o sopro do Espírito Santo, iniciamos neste Mês Missionário um longo caminho de preparação para o Sínodo da Igreja. E neste domingo, quando celebramos o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária, faremos a abertura de preparação para o Sínodo também na nossa Diocese. Será um tempo de escuta, reflexão, oração e comunhão, marcado pela esperança. “O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”, nos recorda o nosso Papa Francisco.