Terminada a primeira viagem, Paulo e seus companheiros voltam para Antioquia da Síria. O coordenador da missão em Chipre foi Barnabé. Depois, quando vão para a atual Turquia, Saulo passa a ser chamado de Paulo e é mencionado sempre em primeiro lugar. Antes eram Barnabé e Saulo. Agora se fala de Paulo e Barnabé. Conclui-se que Paulo é agora o coordenador da missão. Tudo o que sabemos desta primeira viagem encontra-se nos Atos dos Apóstolos.
Dela não há nenhuma menção nas Cartas. Com a segunda viagem é diferente. Tanto os Atos quanto as Cartas nos dão boas informações desta etapa missionária do Apóstolo Paulo. Antioquia continua sendo o ponto de partida e a Igreja Mãe das comunidades que vão surgindo. Paulo tem um objetivo claro: anunciar o Evangelho a todos os povos até os confins do mundo. O fim do mundo de então eram as Espanhas. É lá que Paulo quer chegar.
Ele visa em primeiro lugar atingir a Grécia e depois partir para Roma e de lá para península ibérica. Hoje fazemos isso rapidamente. Naquele tempo, era preciso empregar boa parte da própria existência para alcançar tal objetivo. Paulo o fará com constância e tenacidade. O Evangelho deve ser conhecido de todos e para isso ele se dispõe a ir até o fim do mundo. Paulo é verdadeiro discípulo missionário. A segunda viagem é feita por terra. Há uma mudança em relação a equipe missionária, segundo o Livro dos Atos. Barnabé vai com João Marcos para Chipre e Paulo com Silas ou Silvano em direção a Trôade, na costa marítima em frente à Grécia. A viagem é penosa e custosa. Passam por Derbe, Listra e Icônio. Em Listra Paulo encontra Timóteo, ainda muito jovem, e o convida a fazer parte da equipe apostólica. Continuando a viagem, entram no território gálata, que era muito extenso. De fato, passaram pela ponta da Galácia, como alguém que vai de São Paulo a Goiás, passando por Minas Gerais, isto é, cortando um pedacinho do Triângulo mineiro. Essa passagem por um canto da Galácia acabou sendo mais demorada do que Paulo esperava. Ele ficou doente e deve ter se demorado por ali um ano inteiro.
Foi o tempo para evangelizar os gálatas do lugar. Se você já leu alguma das aventuras de Asterix e Obelix, ou viu algum filme sobre eles, você já tem uma idéia das tribos gálatas. Elas vieram em migração da França antiga, chamada Gália, chegaram ao centro da atual Turquia e lá se estabeleceram em pequenas aldeias. Muito festivos e hospitaleiros, acolhiam com facilidade e rapidamente pessoas e idéias novas. Adaptavam-se com facilidade, talvez demasiada, ao que lhes era proposto. Não consta que Paulo tenha tido dificuldade para evangelizar os gálatas com os quais teve contato por ocasião de sua doença. Mais tarde, escrevendo a eles, Paulo recorda que foram evangelizados por causa da doença que ele teve, e que essa doença não foi problema para eles, que o receberam “como um anjo de Deus, como Cristo Jesus” (cf Gl 4,13-14). Paulo não perde nenhuma ocasião para evangelizar, até mesmo doente.
Ele pensava ir direto para Trôade, sem parar na Galácia. A doença o segurou e algumas tribos gálatas receberam o Evangelho. O discípulo missionário é evangelizador sempre, e em qualquer lugar. Os gálatas tinham a boa qualidade da acolhida, mas, com o tempo, terão que aprender a discernir o valor do que lhes é proposto. É preciso acolher sempre bem, sem necessariamente ter que bandear para o outro lado, por gentileza ou para evitar problemas. No caminho, Paulo chamou Timóteo, jovenzinho, que será um companheiro de missão sempre querido. Na segunda carta a Timóteo que pode ter sido escrita por Paulo, pode-se ver a preocupação do Apóstolo para com seu discípulo, que continua em formação e necessita de estímulos positivos. Timóteo é formado na ação missionária com base nas Escrituras que ele conhecia e recebe estímulos fortes e positivos de seu formador.