Perscrutando o universo com olhos de ser inteligente, a espécie humana fica maravilhada diante das surpresas do cosmos. Ao ficar atento a tantas filigranas, escondidas na criação, não há como o ser humano evitar o êxtase diante de milhões de sinais de inteligência… e de amor. Sem entrar nos segredos da incrível teoria quântica, que levanta o véu do microcosmos, sem nos deter na perplexidade da matéria escura, e sem nos atormentarmos com o infinito do espaço (que nem cabe nas limitações da inteligência humana), olhemos, por um momento, para as fantásticas leis que o Pai Criador imprimiu na natureza. Basta olhar como numa cicatriz, a natureza recupera vasos sanguíneos perdidos; como o astro-rei, o sol, tem uma energia, desde milhões de anos, que faz toda a rica natureza terrestre funcionar; como na psique humana o inconsciente interfere no comportamento dos seres inteligentes; como o masculino e o feminino se complementam maravilhosamente. Paremos por aqui. Só isso já dá assunto para ficarmos abismados, num sentimento de gratidão para com o artífice de tantos prodígios. “São muitas as maravilhas que operaste” (Sl 40, 5).
Mas a suntuosidade do universo fica empalidecida, diante de um outro fenômeno, sem comparação. É a existência de Jesus, não só considerada um resumo do microcosmos e do macrocosmos. Ele é a maior obra da criação. O Pai Santo exagerou em sabedoria e em poder, ao constituir seu Filho Jesus. Basta olhar para a harmonia existente entre a sua natureza humana e a divina. Embora seja uma pessoa divina, sua humanidade ficou tão bem vinculada com a divindade, que não houve o mais mínimo desentrosamento entre as duas naturezas. Não podemos nem imaginar o que sentia Jesus quando dizia a palavra “eu”. Por ter natureza humana teve que aprender tudo como nós. “Tu me teceste no seio da minha mãe” (Sl 139, 13). E isso foi obra do Espírito Divino. Foi o ser humano mais normal da História. Ademais, foi constituído Senhor de toda a criação. “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19, 16). A sua palavra sustenta todo o universo. E conforta-nos especialmente saber que podemos estar inseridos em seu corpo, e fazer parte de sua grandiosidade. Cristo não é só aquele ser nascido de Maria. O Cristo total, segundo o sábio ensinamento de São Paulo, (em Cor 6, 15) engloba os seus irmãos na fé.