Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal (RN)
Prezados leitores/as,
No próximo domingo, dia 24 de janeiro, o 3º do Tempo Comum, a Igreja celebra o “Domingo da Palavra de Deus”, instituído pelo Papa Francisco em 30 de setembro de 2019, com a Carta Apostólica sob forma de Motu proprio Aperuit illis. O Papa Francisco instituiu esse domingo atendendo a muitos pedidos do povo de Deus que chegaram até ele para que se pudesse “celebrar o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igreja e com unidade de intenções” (FRANCISCO. Carta Apostólica Aperuit illis, n. 2). A escolha do 3º Domingo do Tempo Comum tem um forte sentido ecumênico: ele acontece dentro daquela semana em que a Igreja reforça os laços de diálogo com os judeus e se une aos outros cristãos na oração pela unidade dos seguidores de Cristo.
Embora na nossa realidade eclesial tenhamos um mês dedicado à Bíblia, o mês de setembro, a celebração do Domingo da Palavra de Deus, no 3º Domingo do Tempo Comum, adquire um sentido especial para que, ainda nas primeiras semanas do ano, tenhamos bem presente a luz da Palavra de Deus em nossa vida e na nossa missão. É um dia propício para reler a belíssima Constituição dogmática sobre a Revelação divina, Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, onde se expressa a importância e a imprescindível relação que existe entre a Palavra de Deus e a doutrina da Igreja, sendo a Palavra a fonte perene da própria explanação da fé. Nesta Constituição dogmática, a Igreja recorda a todos que “aprouve a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2Pd 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cf. Cl 1,15; 1Tm 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como a amigos (cf. Ex 33,11; Jo 15,14-15) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Revelação divina, Dei Verbum, n. 2).
Para esse ano, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos lembrou a todos alguns pontos importantes e indicações para leitura e formação sobre a Palavra de Deus. Em primeiro lugar, lembra a todos a centralidade de Cristo, centro e plenitude de toda a Escritura, a observação de que as Leituras sejam espeitadas e nunca substituídas, pois a proclamação dos textos do Lecionário (livro das Leituras da Missa), constitui um vínculo de unidade entre os fiéis que a ouvem. Depois, a Congregação chama a atenção para a importância do Salmo responsorial, da homilia, do silêncio, da atenção à escuta da Palavra, além do sentido do ambão, lugar de proclamação da Palavra. Lembro a todos o que os liturgistas nos exortam a que a Oração da Assembleia que faz parte da Liturgia da Palavra, seja feita no ambão. Um ponto importante e urgente: é necessário que todos os envolvidos na Liturgia da Palavra – leitores, salmistas, diáconos e presbíteros – sejam sempre motivados por uma formação continua sobre a Palavra de Deus. neste sentido, esperamos uma palavra da CNBB sobre como proceder em relação à decisão do Papa Francisco de que o Ministério do Leitorado e do Acolitado, agora aberto aos leigos, especialmente às mulheres, para que estejamos mais atentos a essa formação que trará tanto bem aos nossos fiéis.
Por fim, a recomendação de leituras e estudos: além do documento por excelência que é a própria Sagrada Escritura, a recomendação de leitura da Constituição dogmática conciliar Dei Verbum, a Exortação Apostólica Pós-sinodal de Bento XVI, Verbum Domini, publicada em 30 de setembro de 2010, e a Introdução ao Lecionário da Missa.