“O Episcopado do Brasil já desde muitos anos numa atitude profundamente realista, tem se preocupado com todas as transformações sociais do país e não só tem se
preocupado mas também procurado dar a sua colaboração. Se nós por exemplo, examinarmos friamente estes últimos vinte e cinco anos nós vamos encontrar além de numerosas cartas pastorais, mensagens e declarações do Episcopado neste sentido e mesmo algumas pastorais coletivas. Para não citar por exemplo os vários encontros de Bispos em plano regional, como dos prelados da Amazônia, os dois encontros de Bispos do nordeste, o encontro dos Bispos do Vale do Rio Doce, do Vale do Rio São Francisco, o encontro do Episcopado Paulista para tratar da questão da revisão agrária do estado de São Paulo, e assim nestes grandes momentos o Episcopado sempre esteve presente e prestou a sua colaboração e não apenas em encontros, mas também em grande número de realizações concretas”. Este é um trecho da entrevista feita pelo serviço de comunicação eclesial – TELEPAX -, com o Pe. Raimundo Caramuru de Barros, então responsável pelo Departamento de pastoral da CNBB, em 9 de março de 19661. Serve para ilustrar a sempre ativa participação da Igreja no Brasil na transformação social, no combate à fome e à miséria.
Considerando a amplitude do título desta conferência, creio que é bom delimitar bem minha reflexão, evitando grandes expectativas. Na realidade, os desafios populacionais só serão abordados via indireta, pois me concentrarei na questão da pobreza. Também quero deixar claro que não me sinto capaz de falar da totalidade das ações eclesiais no Brasil frente à questão da pobreza, mas apenas de algumas iniciativas mais ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e num tempo bem delimitado, a partir do Concílio Vaticano II.
Como uma pesquisa de amostragem, espero que os dados abordados nesta nossa fala possam servir para algumas generalizações que nos permitam ver uma face da Igreja no Brasil.